sexta-feira, 17 de agosto de 2007

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA

Valor do Dinheiro no tempo



VALOR DO DINHEIRO E UTILIDADE

Modelos econômicos sempre empregam alguma unidade monetária como medida de valor. Qualquer um, em particular nós que temos um passado de altas taxas de inflação, sabemos que padrões monetários como medida de valor têm que ser vistos com cuidado.

· Um primeiro problema é obviamente a inflação, que faz com que o padrão monetário represente valores econômicos cada vez menores. Quando a inflação afeta proporcionalmente todos os preços, isto é, quando as relações entre os preços não muda, podemos trabalhar com um padrão monetário estável (normalmente, uma moeda com baixa inflação, como o dólar, ou deflacionando com um índice de variação de preço de uma cesta de bens e serviços, como os muitos calculados pelo IBGE, Fundação Getúlio Vargas e DIEESE) e, dessa forma comparar valores econômicos em datas diferentes;

· Outro problema é que, mesmo em moeda estável, valores monetários em datas diferentes têm diferentes valores econômicos. Geralmente, os agentes econômicos (ex: pessoas e empresas) preferem receber o mesmo valor monetário (mesmo com inflação nula) mais cedo a recebê-lo mais tarde. Isso é decorrente do fato que se recebermos um dinheiro agora (e não houver inflação e fora o problema de segurança) temos todas as oportunidades que teríamos se o recebêssemos depois e, provavelmente, outras que não teríamos se só o recebêssemos mais tarde.

Portanto, deixar de receber uma quantia numa data para recebê-la mais tarde implica algum custo de oportunidade (mais propriamente “custo de perda de oportunidade”). Esse fato é tão universal que, em quase todas as economias de hoje, existe um mercado financeiro de risco muito baixo cuja essência é o “aluguel” de dinheiro.

Dizemos, portanto, que o valor de uma quantia monetária recebida, ou paga, varia no tempo e quando fazemos uma análise econômica, esse é um aspecto importante. Esse valor variado no tempo é o que chamaremos adiante de valor do dinheiro no tempo.

Mais isso ainda não é tudo que tínhamos a comentar sobre o valor do dinheiro. Excetuando-se os casos onde as pessoas buscam emoção forte, as pessoas não gostam de situações arriscadas. Certamente, um gerente irá preferir um projeto que traga, com certeza, um retorno de R$X do que outro que, sendo equivalente em outros aspectos, produza o mesmo retorno com considerável incerteza. Como nosso mundo econômico é povoado de incertezas, essa atitude face ao risco é um outro aspecto que pode ser decisivo em decisões e, por isso, devemos levá-la em conta quando usamos de quantias monetárias para representar valores econômicos


O QUE É O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO

Como vimos acima, o valor econômico associado a desembolsos (ou receitas) ocorridos em épocas diferentes, geralmente têm valor econômico diferentes, ainda que correspondam à mesma quantia monetária e não haja inflação. A razão disso, conforme argumentou-se, é que o conjunto de oportunidades de uso do dinheiro recebido mais cedo, geralmente, é maior. Conseqüentemente, se dispusermos de uma quantia de dinheiro numa data A anterior à uma outra data B, podemos tirar partido de alguma oportunidade de aplicação do dinheiro entre A e B para chegarmos a B com uma quantia maior do que o que teríamos se só recebêssemos a quantia em B. Deixando de lado a questão do risco, também mencionada acima, vejamos como tratar a questão do valor do dinheiro no tempo em condições de certeza.

Receitas e desembolsos constituem fluxos de caixa. Alternativas de decisão podem (sob certeza), freqüentemente, ser representadas, no seu aspecto econômico por conjunto de fluxos de caixa, utilizando-se para isso uma convenção onde, por exemplo, receitas são fluxos positivos e desembolsos, fluxos negativos.

Análise Do Valor Do Dinheiro No Tempo

Normalmente, como já vimos, uma empresa trata seus problemas de decisão em diversos níveis. Num nível (estratégico, ou de longo prazo) considera projetos de longo prazo, financiados por capital próprio ou por empréstimos de longo prazo. Em outros níveis (tático e operacional) trata de projetos financiados por empréstimos de curto prazo. Assim, fica fácil estabelecer o “custo-oportunidade” do capital empatado nesses projetos de nível tático e operacional.

Esse custo são os juros que se paga por esses empréstimos de curto prazo. Ou seja, quando se considera qual o uso que a empresa faria de uma quantia que a empresa dispõe para aplicação de curto prazo, como no exemplo, geralmente a taxa de juro que se paga pelo dinheiro tomado emprestado para financiar o capital de curto prazo (capital de giro) é uma boa aproximação. Isso porque se essa quantia deixar de ser necessária, ela evitará a tomada de empréstimo de curto prazo (que, normalmente são os empréstimos com juros mais elevado dentre os que a companhia paga).


- Métodos Analíticos

Os métodos analíticos são precisos porque se baseiam no valor do dinheiro no tempo. A precisão mencionada se refere à metodologia utilizada para analisar os dados do projeto.

O valor do dinheiro no tempo para cada empresa é expresso por um parâmetro denominado “Taxa Mínima de Atratividade” (“TMA”). Essa taxa é específica para cada empresa e representa a taxa de retorno que ela está disposta a aceitar em um investimento de risco (projeto empresarial), para abrir mão de um retorno certo num investimento sem risco no mercado financeiro.

Os métodos analíticos empregados em análise de investimentos são o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno (TIR).


a) Valor Presente Líquido (VPL)

O valor presente líquido (VPL) de um projeto de investimento é igual ao valor presente de suas entradas de caixa menos o valor presente de suas saídas de caixa. Para cálculo do valor presente das entradas e saídas de caixa é utilizada a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), como taxa de desconto. O valor presente líquido calculado para um projeto significa o somatório do valor presente das parcelas periódicas de lucro econômico gerado ao longo da vida útil desse projeto. O lucro econômico pode ser definido como a diferença entre a receita periódica e o custo operacional periódico, acrescido do custo de oportunidade periódico do investimento.

Utilizando uma calculadora financeira e considerando-se uma TMA de 10% ao ano, encontramos para o projeto de investimento P um Valor Presente Líquido de R$ 20.392,54. Se considerarmos uma TMA de 15% ao ano, o Valor Presente Líquido do Projeto será zero. Para uma TMA de 0%, o lucro econômico periódico se confunde com o lucro contábil periódico e o valor presente líquido é igual ao somatório dos lucros contábeis periódicos.

Podemos ter as seguintes possibilidades para o Valor Presente Líquido de um projeto de investimento:

- Maior do que zero: significa que o investimento é economicamente atrativo, pois o valor presente das entradas de caixa é maior do que o valor presente das saídas de caixa;
- Igual a zero: o investimento é indiferente pois o valor presente das entradas de caixa é igual ao valor presente das saídas de caixa;
- Menor do que zero: indica que o investimento não é economicamente atrativo porque o valor presente das entradas de caixa é menor do que o valor presente das saídas de caixa.

“Entre vários projetos de investimento, o mais atrativo é aquele que tem maior Valor Presente Líquido.”

b) Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno é o percentual de retorno obtido sobre o saldo investido e ainda não recuperado em um projeto de investimento. Matematicamente, a Taxa Interna de Retorno é a taxa de juros que torna o valor presente das entradas de caixa igual ao valor ao presente das saídas de caixa do projeto de investimento.

Utilizando uma calculadora financeira, encontramos para o projeto P uma Taxa Interna de Retorno de 15% ao ano. Esse projeto será atrativo se a empresa tiver uma TMA menor do que 15% ao ano.


A Taxa Interna de Retorno de um investimento pode ser:

· Maior do que a Taxa Mínima de Atratividade: significa que o investimento é economicamente atrativo;
· Igual à Taxa Mínima de Atratividade: o investimento está economicamente numa situação de indiferença;
· Menor do que a Taxa Mínima de Atratividade: o investimento não é economicamente atrativo pois seu retorno é superado pelo retorno de um investimento sem risco.

“Entre vários investimentos, o melhor será aquele que tiver a maior Taxa Interna de Retorno.“


5.2 - Risco, Retorno e Valor



O QUE É RISCO

O risco é uma característica iminente a toda e qualquer atividade, principalmente nas áreas que tratam diretamente com o patrimônio das empresas. Tudo o que é feito hoje, visando a um resultado no futuro, está sujeito a algum grau de risco.

Com base em fatos conhecidos e informações adquiridas, podemos estabelecer meios capazes de projetar os acontecimentos futuros. Esses acontecimentos poderão realmente acontecer, mas não serão "exatamente" como havíamos projetado. Geralmente, o risco está associado a algum fator negativo que possa impedir ou dificultar a realização do que foi planejado.

No mundo atual, a gestão de riscos em empresas é indispensável, pois um fato econômico que acontece em qualquer lugar do mundo provoca reflexos imediatos na economia brasileira. A gestão de riscos pode ser entendida como um processo onde são tomadas decisões de aceitar um risco conhecido ou de minimizá-lo. Como risco podemos destacar duas modalidades:

· Risco sistemático: que afeta as empresas em geral;
· Risco sistemático: que afeta especificamente uma empresa ou um pequeno grupo de empresas.


RISCO X RETORNO

Um ponto básico em administração financeira é que há um confronto entre retorno (fluxo de caixa) e risco. Retorno e risco são determinantes-chaves das decisões do administrador financeiro, pois a medição dos mesmos ressaltarão a necessidade ou não da concretização de certos investimentos.

O retorno e o risco afetam as decisões de forma direta. Em geral, os acionistas e proprietários de empresas tem aversão ao risco. Quando há risco envolvido, os acionistas e proprietários de empresas esperam obter taxas de retorno mais altas nos investimentos associados a riscos mais altos, e taxas de retorno mais baixas naqueles com riscos mais baixos.


a) Dilema Risco-Retorno Na Composição De Financiamentos

As características do dilema risco-retorno, também podem ser observadas quando da definição de uma política de financiamento do capital de giro.

A perda de rentabilidade provocada por uma política tradicional nos investimentos em capital de giro poderá ser minimizada através de alterações em sua estrutura de financiamento. Não obstante isso, maior preferência por fundos de curto prazo (mais baratos) na composição do passivo acarreta, paralelamente a maior retorno, elevação do risco da empresa. Esta elevação do risco é determinada, fundamentalmente, pelas seguintes razões:

· As taxas de juros a curto prazo são bem mais sensíveis às alterações conjunturais do que as taxas de longo prazo. Na realidade, empresas com maior participação de créditos de curto prazo apresentam maior risco pela natural falta de certeza no conhecimento do comportamento futuro de seus custos. Enquanto um empréstimo de longo prazo mantém o encargo de juros fixo por um período de tempo maior, um empréstimo de curto prazo, a ser renovado periodicamente, absorve com maior freqüência as oscilações (normalmente crescentes) nas taxas de juros;

· Uma política de financiamento com maior ênfase no crédito de curto prazo determina maior dependência da empresa às disponibilidades de crédito no mercado. Eventuais dificuldades de repor os recursos de curto prazo, mesmo que temporárias, poderão abalar a liquidez da empresa e gerar péssimas conseqüências junto aos seus credores.


Na realidade, os aspectos considerados envolvem o dilema maior na administração do capital de giro: risco x retorno. Utilizando-se mais de créditos de curto prazo, a empresa poderá obter, sempre que os seus custos forem inferiores aos de longo prazo, melhores resultados operacionais; no entanto, pelos motivos expostos, o risco da empresa se elevará;


b) Abordagem De Risco Mínimo

Uma postura de minimização do risco pode ser adotada através de uma abordagem conservadora para o financiamento do capital de giro.

O risco é colocado em níveis mínimos em razão de a empresa não necessitar utilizar de sua capacidade de captação de recursos a curto prazo, a qual seria acionada somente para atender a necessidades financeiras inesperadas (imprevistas). O custo desta abordagem seria bem elevado, em razão da preferência por créditos a longo prazo (normalmente mais onerosos que os de curto prazo) e da ociosidade desses recursos em vários períodos.


c) Avaliação Do Risco De Crédito

Na análise do risco são levados em conta diversos critérios e métodos. Um enfoque tradicional da análise do crédito é desenvolvido através de estudo de cinco fatores, definidos na proposição original de Brighan e Weston como os cinco CC do crédito, ou seja:

1. Caráter: identifica a disposição do cliente em pagar corretamente seu crédito. Essa avaliação é efetuada através do conhecimento de certas características morais do devedor; tais como honestidade, integridade etc;

2. Capacidade: procura medir o potencial de geração de recursos do cliente visando à liquidação conforme pactuada. Essa análise é feita, normalmente, através de informações históricas do desempenho do cliente, de seus padrões gerenciais etc. A variável capital, analisada de forma similar à anterior, está mais voltada para a medição dos investimentos da firma cliente, dando atenção especial ao seu patrimônio líquido;

3. Garantias (“collateral”): julgam os ativos que o cliente pode oferecer como forma de lastrear (garantir) seu crédito;

4. Condições: envolve as influências do comportamento da conjuntura econômica sobre a capacidade de pagamento do cliente.

O processo de análise destes fatores tradicionais de avaliação do risco do crédito é desenvolvido, basicamente, pela tradição (experiência) que a empresa tenha com seu cliente e, também, através de uma série de informações e indicadores básicos que o administrador deverá colher junto ao consumidor e ao mercado, visando suplementar a sua decisão.

Ainda dentro do enfoque tradicional de avaliação do crédito pode-se enumerar, entre outras, as seguintes principais fontes de informações:

· Avaliação retrospectiva das demonstrações contábeis do solicitante de crédito: as quais poderão vir suplementadas com diversas informações adicionais; tais como fluxos de caixa, descrição das garantias potenciais etc;

· Empresas prestadoras de serviços em assessoria às decisões de crédito: no Brasil, esses serviços podem ser fornecidos pela SERASA, pelo Serviço de Proteção ao Crédito, pelas Associações Comerciais e Industriais etc;

· Modelos quantitativos: dentro de um enfoque menos convencional, deve-se ressaltar a crescente introdução de modelos quantitativos nas decisões de concessão de crédito, os quais se processam, principalmente, através do uso de medidas estatísticas, análises discriminantes e árvores de decisão.

RISCO

A idéia de risco aplicada nos mercados vem sendo bastante explorada na literatura financeira e pelos veículos de comunicação. A preocupação com o risco aumentou em razão das crises internacionais que experimentamos nos últimos anos. No entanto, independente da maior ou menor volatilidade dos ativos financeiros, o investidor sempre deve se preocupar com o fator risco envolvido nas aplicações.

Risco pode ser conceituado como sendo a possibilidade de ocorrência de um evento incerto e desfavorável. Outros preferem entender risco como sendo a volatilidade natural existente nos mercados de títulos de uma forma geral. Não importa qual seja a definição, a verdade é que todos os indivíduos, ou pelo menos a grande maioria deles, têm aversão ao risco.

Assumir riscos no investimento em ativos financeiros vai contra a preferência natural das pessoas, de tal forma que alguém estará disposto a tolerar algum risco se houver uma compensação financeira por isso, expressa através de uma rentabilidade mais alta, que contempla o chamado “prêmio pelo risco”. A suposição de que as pessoas, racionalmente, são avessas a riscos, acaba estabelecendo uma relação positiva entre risco e rentabilidade. Ou seja, ao investir em ações, em vez de deixar o meu dinheiro na caderneta de poupança, fica implícita a idéia de que exigirei uma rentabilidade mais alta sobre o meu investimento para compensar o maior risco assumido.


RISCO E RETORNO

É interessante atentar para os dados históricos de retorno e risco de alguns dos principais investimentos no mercado financeiro norte-americano, obtidos no livro “Princípios de Administração Financeira”, de Stephen A. Ross, Randolph W. Westerfield e Bradford D. Jordan, publicado em 1998.

Por exemplo, tomando o período de 1926 a 1994, uma carteira típica de ações ordinárias apresentou um retorno médio anual de 12,2% e um risco, medido por desvio-padrão, de 20,3%. Obrigações de empresas de longo prazo obtiveram um retorno médio de 5,7% e um risco de 8,4%. Ao mesmo tempo, Letras do Tesouro renderam, em média, 3,7%, com um risco de 3,3%. Sem se aprofundar demais na análise desses números, o que queremos chamar a atenção é para a confirmação da relação positiva entre risco e retorno a partir da observação de dados passados.

Convém deixar claro que o desvio-padrão é uma medida estatística de dispersão de retornos em relação ao termo médio. Isso significa que quanto maior for o desvio-padrão de um ativo, maior é a probabilidade de ter retornos acima (favoráveis) e abaixo (desfavoráveis) do retorno médio calculado.

O entendimento da relação positiva entre risco e retorno é que tem levado muitos analistas a avaliar fundos mútuos de ações a partir do denominado “Índice de Sharpe”, que consiste em dividir o retorno excedente de um fundo pelo seu desvio-padrão em uma dado período. Ou seja, o fundo terá um bom desempenho não apenas em função da rentabilidade gerada, mas levando em conta também o nível risco assumido.


QUALIFICANDO OS RISCOS

a) Risco De Perda Do Poder Aquisitivo

Um dos efeitos mais notáveis, observados nas modernas economias, é a perda de poder aquisitivo das moedas, comumente chamada de “inflação”. Todo e qualquer investimento deveria ser realizado com este aspecto em mente. Um investimento extremamente conservador produziria um rendimento que igualasse a taxa de inflação do período. Neste caso, em termos reais, nenhum rendimento seria produzido. Rendimento real, portanto, “é o excesso de rendimento em relação à taxa de inflação do período em questão.”

O Brasil, assolado por altas taxas de inflação no passado próximo, tem ultimamente convivido com perdas inflacionárias menos alarmantes. No entanto, não é incomum que muitas formas de investimentos não consigam, sequer, repor as perdas inflacionárias em dados momentos. Até mesmo os investimentos de renda fixa, atrelados aos juros, têm produzido perdas inflacionárias.


b) Risco Quanto Às Taxas De Juros

O risco quanto às taxas de juros está ligado ao fato de que, um aumento nas taxas de juros pode causar uma depreciação nos preços de diversos ativos, assim como pode contribuir para o crescimento das taxas de inflação e diminuição do crescimento econômico. Nos Estados Unidos, pesquisas têm demonstrado que com o incremento nas taxas de juros a volatilidade dos mercados também aumenta. O incremento das taxas de juros, no Brasil, tem conduzido a períodos de recessão ou baixo crescimento econômico, principalmente porque o governo, no geral, é o grande tomador de recursos para cobertura de seus habituais déficits orçamentários.

Em suma, quando há uma grande demanda por dinheiro há pressão para o aumento das taxas de juros, a menos que haja aumento na emissão de dinheiro. Como as emissões de dinheiro são inflacionárias, a não ser que tenha havido crescimento econômico suficiente que as respaldem, a demanda por dinheiro, tipicamente um fenômeno comum em expansões econômicas, causa o aumento das taxas de juros, encerrando o ciclo de crescimento da economia. Isto tudo num cenário ideal em que o governo fique à margem dos mercados.

No Brasil, este não é o caso. O governo com seus déficits contribui para o aumento da demanda por dinheiro e, como deseja controlar a inflação, pressiona para cima as taxas de juros. Com o incremento das taxas de juros, os investimentos em renda fixa tornam-se os preferidos, no Brasil, causando o aumento da volatilidade dos mercados de ações. Quando as taxas de juros crescem aos saltos, tipicamente quando o governo decide defender a moeda ou reduzir a pressão inflacionária imediata, o primeiro impacto sobre os ativos de renda fixa pré-fixados é de perda, justamente pela troca de papéis com juros menores pelos novos. Esse fenômeno não dura mais que um ou dois meses. Nos Estados Unidos, o crescimento das taxas de juros impulsiona os investidores a tomarem mais risco, segundo pesquisas. No Brasil, embora não haja pesquisas do gênero, o efeito parece ser o contrário, há uma busca por ativos que garantam rendimentos fixos, atrelados às taxas de juros.


c) Risco Do Negócio

Alguns analistas sugerem que, as mudanças na regulação dos mercados financeiros e de capitais afetam os relacionamentos entre os movimentos nos ciclos dos negócios e o mercado de ações.

Nas últimas décadas, a política monetária tem sido a base para a análise dos ciclos dos negócios. As mudanças nos agregados monetários são as maiores forças por trás dos ciclos econômicos e da taxa de inflação. Isso sem falar na atuação do governo nesses ciclos e mercados, conforme já abordado no tópico relativo às taxas de juros. Mais uma vez, nos Estados Unidos, pesquisas têm sido realizadas quanto aos ciclos dos negócios. A análise setorial tem sido de suma importância, eis que os diversos setores da economia tendem a reagir diferentemente às mudanças nos cenários econômicos, interno e externo.

Para os investidores a descoberta de que setores serão favorecidos ou prejudicados nos diferentes cenários econômicos é de vital importância, porque isso, por si só, pode conduzir a escolha de papéis com melhor potencial para valorização.


d) Risco De Mercado

Tem-se observado que, quando o mercado de ações sobe, a maioria das ações sobe também. Por outro lado, quando o mercado cai, a grande maioria das ações também cai. A mudança na psicologia do mercado pode levar à queda nos preços dos papéis, sem que tenha havido nenhuma deterioração na performance das empresas emissoras.
Movimentos nos preços das ações que não possam ser atribuídos à volatilidade ou betas elevados devem estar atrelados a fatores intrínsecos à companhia emissora, fazendo com que os preços de suas ações se movam de forma contrária ao mercado, ou com melhor performance que o mercado como um todo.

Não é raro ocorrer o fato dos investidores tomarem suas posições no mercado e, após isso, o mercado mudar de direção. Quando os mesmos investidores tentam reverter suas posições, o mercado é afetado grandemente e, também não raramente, prejuízos são gerados. Em síntese, “os investidores devem avaliar os ativos em termos da compensação que esses proporcionam relativamente ao risco que eles criam”.
5.3 - Alavancagem



O QUE É ALAVANCAGEM?

Alavancagem é o uso de ativos e recursos com um custo fixo, a fim de aumentar os retornos dos proprietários da empresa

Variações na alavancagem resultam em aumento de risco e retorno. Assim:

> alavancagem ==> maior risco e maior retorno
< alavancagem ="=""> menor risco e menor retorno


Os Administradores têm um controle quase completo sobre o risco introduzido com a alavancagem.


ALAVANCAGEM FINANCEIRA

É a capacidade da empresa em usar encargos financeiros fixos (juros sobre empréstimos e dividendos de ações preferenciais), a fim de maximizar os efeitos de variações no lucro a/dos juros e impostos sobre lucros por ação da empresa (LPA).


a) Grau De Alavancagem Financeira (GAF)

É a medida numérica da alavancagem financeira da empresa:
variação percentual no LPA LAJIR.
GAF = =
variação percentual no LAJIR LAJIR - J - (DP x 1 / (1 - T))




*LPA = Lucro por Ação
LAJIR = Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (lucro operacional)
DP = Dividendos por Ações Preferenciais
J = juros


b) Alavancagem Financeira Contabilmente

LAJIR
(-) Juros
(=) Lucro Líquido Antes do Imposto de Renda
(-) Impostos
(-) Dividendos
(=) Lucro Disponível para Acionistas Ordinários
(=) Lucro por Ação (LPA)

variação do LPA
Alavancagem Financeira =
variação do LAIR




ALAVANCAGEM OPERACIONAL

É o uso potencial dos custos operacionais para aumentar os efeitos das mudanças nas vendas sobre o lucros da empresa antes dos juros e impostos (LAJIR).

O aumento nas vendas resulta em aumento mais que proporcional no LAJIR e vice-versa


a) Grau de Alavancagem Operacional (GAO)

É a medida numérica da alavancagem operacional da empresa:
variação percentual no LAJIR Q x (p - v).
GAO = =
variação percentual nas vendas Q x (p - v) - F




* F = Custo Operacional Fixo por Período
Q = Quantidade de vendas (unidades)
P = Preço de venda por unidade
V = Custo operacional variável por unidade


b) Alavancagem Operacional Contabilmente

Receita de Vendas
(-) CMV
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
(=) Lucro Operacional = Lucro Antes dos Juros e IR (LAJIR)
variação do LAJIR
Alavancagem Operacional =
variação da Receita de Vendas






c) Análise Do Ponto De Equilíbrio (análise custo-volume-lucro)

· Determinar o nível de vendas necessárias para cobrir todos os custos operacionais (“ponto de equilíbrio operacional”);
· Avaliar a lucratividade associada a cada nível de vendas.


d) Custos Fixos x Alavancagem Operacional

Variação nos cursos fixos afeta significativamente a alavancagem operacional.

ALAVANCAGEM TOTAL

É o uso potencial de custos fixos, tanto operacionais como financeiros, para aumentar o efeito das variações nas vendas sobre o lucro por ação (LPA).


a) Grau De Alavancagem Total (GAT)

É a medida numérica da alavancagem total da empresa:
variação percentual no LPA Q x (p - v).
GAT = =
variação percentual nas vendas Q x (p - v) - F- J - (DP x (1/ (1 - T))





A Alavancagem Total reflete o impacto combinado da alavancagem operacional e financeira da empresa:
GAT = GAO x GAF





b) Alavancagm Total Contabilmente

variação do LPA
Alavancagem Total =
variação da Receita de Vendas





5.4 - Análise das Demonstrações Financeiras



O QUE É ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A análise das demonstrações financeiras visa relatar, a partir das informações contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada, e as tendências futuras. Extrai a informação sobre a posição passada, presente e futura (projetada) de uma empresa.


OBJETIVOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

· Avaliar a situação econômico-financeira de uma empresa;
· Avaliar a capacidade de liquidez de uma empresa;
· Verificar a sua capacidade de solvência (se irá ou não falir);
· Tomada de decisão de investimentos na empresa;
· Tomada de decisões em relação ou não a conceder créditos;
· Avaliar como a empresa está sendo administrada;
· Avaliar se a empresa é ou tende a ser lucrativa ou não;
· Tomada de decisão sobre o futuro da empresa.


USUÁRIOS DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

· Dirigentes da empresa;
· Acionistas;
· Credores;
· Fornecedores X Clientes;
· Concorrentes;
· Órgãos Governamentais;
· Empregados, Sindicatos e Comunidade;
· Transferência de Controle Acionário, Incorporação e Fusão.


PROCEDIMENTOS PRELIMINARES DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Þ Deve-se analisar pelo menos dois anos consecutivos de demonstrações;
Þ Procurar analisar de empresas do mesmo ramo para se ter um paralelo para análise;
Þ Eliminar as distorções provocadas pela inflação;
Þ Reclassificar algumas contas das Demonstrações Financeiras:
¨ Duplicatas Descontadas
· Deverão ser reclassificadas no Passivo Circulante.
¨ Despesas do Exercício Seguinte
· Deverão ser reclassificadas no Patrimônio Líquido.
¨ Receitas/Despesas Financeiras
· Deverão ser reclassificadas em Não Operacionais

TÉCNICAS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

· Análise Vertical e Horizontal;
· Indicadores Financeiros e Econômicos (Índices);
· Análise da Taxa de Retorno Sobre Investimento - Margem de Lucro X Giro do Ativo (Fórmula Du Pont).


ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS VERTICAL E HORIZONTAL

a) Análise Vertical

· Identifica a participação percentual de cada componente da demonstração financeira em relação ao seu total.
· A técnica consiste em estabelecer em quanto representa o Balanço Patrimonial do total dos 100% do Ativo e Passivo, e, no DRE, da Receita Líquida.

b) Análise Horizontal

· Identifica a evolução dos diversos elementos patrimoniais e de resultados ao longo de determinado período;
· É uma análise temporal do crescimento da empresa;
· A técnica consiste em estabelecer o índice (base) 100 para o primeiro ano e fazer a sua evolução nos anos seguintes.


ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS POR ÍNDICES

Procura relacionar elementos afins das demonstrações financeiras, de forma a melhor extrair conclusões sobre a situação da empresa.

Visando uma comparação inter-empresarial, é possível ainda obter-se em revistas especializadas, indicadores de empresas concorrentes e padrões do setor de atividade.


a) Índices De Liquidez

Medem a capacidade de pagamento da empresa:

· Índice de Liquidez Corrente (AC/PC): mede a capacidade de pagamento a curto prazo da empresa;
· Índice de Liquidez Seco (AC-Estoques/PC): mede a capacidade de pagamento da empresa supondo que a mesma se desfaça dos estoques;.
· Índice de Liquidez Geral (AC+RLP/PC+ELP): mede a capacidade geral de pagamento da empresa;
· Índice de Liquidez Imediata (Disponível/PC): mede a capacidade a vista de pagamento da empresa frente aos seus compromissos de curto prazo.


b) Índices De Endividamento

Mostram como está composto as origens de recursos da empresa:

· Relação de capital de terceiros sobre o próprio (PC+ELP/Patrimônio Líquido): revela quanto que a empresa possui de dívidas em relação aos recursos pertencentes aos acionistas;
· Composição de Endividamento (PC/PC+ELP): mostrará a relação de dívidas a curto prazo ao total das dívidas;
· Endividamento Geral (PC+ELP/AT): mostra a dependência de recursos de terceiros no financiamento dos ativos;
· Imobilização do Capital Próprio (AP/PL): revela quanto do investimento dos acionistas está em investimento de natureza permanente.

c) Índices De Rentabilidade

Mostram o grau de utilização dos recursos na geração de resultados:

· Margem Bruta (LB/ROL): mostra a taxa de acréscimo sobre o custo das vendas para chegar á receita (mark up);
· Margem Operacional (LO/ROL): mostra o ganho puro das operações da empresa;
· Margem Líquida (LL/ROL): mostra a proporção do lucro da empresa;
· Giro do Ativo (ROL/ATmedio): mostra quantas vezes minha atividade superou as minhas aplicações;
· Taxa de Retorno Sobre Investimento (LL/AT médio): mostra o retorno dos acionistas sobre o investimento.;
· Taxa de Retorno sobre o Capital Próprio (LL/PL médio): mostra o retorno dos acionistas sobre a sua parcela de investimento.


d) Índices De Atividade

Mostra como foi a administração:

¨ Prazo Médio de Estoques: Estoque Médio x 360/CMV;
¨ Prazo Médio de Pagamento: Fornecedores Médio x 360/Compras;
¨ Prazo Médio de Recebimento: Duplicatas a Receber Média x 360/Vendas Líquidas.

5.5 – Planejamento Financeiro



O QUE É PLANEJAMENTO FINANCEIRO

É o efeito integrado das decisões de investimento e de financiamento, cujo resultado final é um plano financeiro.


a) Premissas Do Planejamento Financeiro

· As decisões de investimento e de financiamento são interdependentes e não isoladas;
· Minimização das possibilidades de surpresas;
· Deve-se possuir instrumentos de reação às surpresas não identificáveis.
· Análise do que faz sucesso nos projetos e do que os leva ao fracasso;
· Impacto das decisões atuais sobre oportunidades futuras;
· Fixação de objetivos concretos capazes de motivar os acionistas/gestores/mercado e proporcionar padrões de avaliação de resultado.


b) O Que Envolve O Planejamento Financeiro

· Análise de opções de financiamento e de investimento;
· Projeção do impacto de decisões a partir de vários cenários;
· Escolha de alternativas a seguir;
· Avaliação de desempenho.


TIPOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

a) Planejamento Financeiro De Curto Prazo

· O horizonte raramente vai além dos 12 meses imediatos;
· Vinculado ao planejamento de longo prazo;
· Gerenciamento voltado para compromissos - disponibilidades, empréstimos e aplicações financeiras.


b) Planejamento Financeiro De Longo Prazo

· Horizonte habitual de 5 anos;
· Algumas empresas trabalham com 10 anos ou mais, principalmente quanto se trata de valor atual de projetos de produtos/serviços com vida útil alta.


- Planejamento Financeiro De Longo Prazo E Enquadramento Geral

· Evitar submersão em detalhes;
· Investimento conjunto;
· Propostas de pequenos investimentos consolidadas e tratadas como um único projeto;
· Investimentos estratégicos e grandes tratatos individualmente.
O PLANEJAMENTO FINANCEIRO É UMA ATIVIDADE CONJUNTA

· Desejável: planos financeiros interligados com planos de atividade;
· Realidade comum: planos independentes ou com gaps. Consolidação de informações desconectadas estrategicamente.


O PLANEJAMENTO FINANCEIRO E OS DADOS

· Dados estratégicos e portanto mais abstratos ou mutáveis;
· Interesse dos acionistas;
· Risco assumido pelos acionistas;
· Projetos de investimento da concorrência;
· Ciclo de vida dos projetos remunerado pelo mercado;
· Política macroeconômica, incluindo a fiscal;
· Risco internacional;
· Dados formais contábeis e de demonstrações financeiras para subsídio a um plano (em moeda constante):
- Balanços;
- Demonstrações de resultado;
- Demonstração de origem e aplicação de recursos;
- Demonstração de mutações de patrimônio líquido;
- Carga tributária da empresas no país.
· Dados formais analíticos e consolidados de investimentos/desinvestimentos:
- Investimentos: por substituição: expansão, novos produtos, investimentos obrigatórios ou legais;
- Subdivisão por atividade: considerando análise estratégica de crescimento agressivo/gradual, redução agressiva/gradual ou liquidação;
- Análise do valor agregado de cada atividade para o negócio: “Economic Value Added” – “EVA”
· Dados das formas de captação/remuneração da captação;
· Política de endividamento/taxas reais de juros esperada;
· Política de retenção dos lucros/dividendos;
· Tributação sobre encargos de financiamento.

- Finalidade Dos Dados

· Previsão
· Evitar a extrapolação ingênua;
· Previsões macroeconômicas/modelos econométricos em conjunto com previsões comerciais e comportamentais da concorrência (conseguiremos manter custo e diferenciação identificáveis, aceitáveis e remuneráveis, ou seja, a série temporal dos projetos é correta?).


- Qual É O Modelo Econômico E De Estratégia Competitiva Por Detrás Das Previsões?

· Superposição de previsões com pressupostos ou visões diferenciadas é fatal - financeira, comercial, de produção.
· Disseminação da coerência é tarefa difícil e depende do alinhamento corporativo de missão, visão e estratégia.
· O planejador financeiro deve identificas incoerências.


ENCONTRAR UM PLANO FINANCEIRO ÓTIMO

· Definir um plano em termos contabilísticos ou numéricos não é operacional;
· Como interligar o plano financeiro com o plano operacional da empresa (via de mão dupla)?


OBSERVAR O DESENROLAR DO PLANO FINANCEIRO (controle)

· Premissas x resultados;
· Ações de revisão de premissas e remodelagem do plano;
· Remodelagem de investimentos/desinvestimentos; captação e remuneração.


O PLANEJAMENTO FINANCEIRO É UMA GESTÃO DE CARTEIRA DE OPÇÕES

· Investimentos olhados em si - opção presente de investimento;
· Investimentos olhados em si e na abertura de opções futuras de investimentos - novos mercados, novos produtos, novos projetos rentáveis, continuidade da empresa como opção principal;
· Como avaliar se uma opção presente gera opção futura? Intimamente ligado à visão estratégica da empresa. Quando as opções futuras serão exercidas? Como acoplar a sua série temporal com a da opção presente?
· Quando alienar opções - venda de empresas/venda de ativos/venda de direitos?


MODELOS DE PLANEJAMENTO FINANCEIRO

· Simulação;
· Ideal: integração com a orçamentação, planejamento operacional e avaliação de resultados;
· Utilizam demonstrações financeiras previsionais.


- Fragilidade das demonstrações financeiras previsionais - a ausência da visão financeira

· Prevalência da visão contabilística do mundo;
· Ausência de instrumentos de análise financeiras: fluxo de tesouraria;
· Valor atual;
· Risco de mercado.
· Ausência de simulação das decisões financeiras ótimas, principalmente através da programação linear.


- Exemplo de programação linear - o modelo “LONGER” - Objetivos

· Otimizar o cálculo do melhor plano financeiro, dadas determinadas premissas e restrições;
· Projetar as conseqüências de uma estratégia financeira selecionada.


- Exemplo de programação linear - o modelo Modigliani/Miller - o valor de avaliação de uma empresa ou projeto:

· Variáveis:x = valor do investimento no projetov = valor líquido de mercado dos ativos do projetod = disponibilidades financeiras para aplicar de imediato no projeto y = endividamento adicional contraído para o novo investimentotir = taxa interna de retorno do projeto, calculada pelo valor atual de receitas - custos e despesas a serem realizados, inclusive pagamento de juros de financiamento.r = taxa de aplicação do mercado ou mínima de atratividadet = taxa marginal do somatório dos impostos sobre lucros
· Limitações definidas/calculadas pela empresa:
x <= 1.000.000
y <= 0,40 de x
d = 800.000
tir = 0,09
· Limitações definidas pelo mercado/governo:
r = 0,10
t = 0,50
· O valor do projeto ou opção (O) é definido por, pressupondo apuração de lucro na empresa:O = v + [((0,09/0,10) * x) - 1] - 0,5 * y = v - 0,1x + 0,5y taxa de retorno real
· Dado que v é fixo, o problema de programação linear é o de maximizar a quantidade -0,1x + 0,5y, dadas as restrições empresariais:x <= 1.000.000 x <= y + 800.000y <= x * 0,40
A solução ótima é encontrada quando o nível máximo de endividamento do projeto admitido pela empresa é utilizado, porque, embora a sua taxa de retorno real seja negativa, o projeto permite à empresa solicitar um empréstimo maior e o valor da redução de impostos gerada pela dívida mais que compensa a insuficiente rentabilidade real do investimento.

Da mesma forma, podemos, no caso acima, ver a contribuição derivada ou marginal de cada uma das variáveis ao valor da opção, quando, mantidas as demais constantes, calculando a derivada de cada uma e o reflexo no valor final da opção ou projeto. É o que o autor denomina de “preço sombra”. As combinações de efeito conjunto de variáveis combinadas também é possível e o Excel possui recursos de sensibilidade para projeção que permitem definir as combinações no resultado final.

Se considerarmos combinação de todas os projetos da empresa, teríamos um sistema de maximização de equações de várias opções, resolvidos através de programação linear, considerando outras e diversas restrições (política de dividendos etc.) em cada ano da série temporal de longo prazo.


5.6 – Administração do Capital de Giro



O GERENCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO COMO FATOR DE MAXIMIZAÇÃO DA RENTABILIDADE EM EMPRESAS INDUSTRIAIS

Os investimentos em projetos de longo prazo nas empresas industriais, somente conseguem viabilidade econômica com o perfeito gerenciamento das atividades operacionais.

Finanças é a ciência que estuda a movimentação de recursos financeiros entre os agentes econômicos: empresas, indivíduos e governos. No campo das finanças empresariais, o estudo se concentra nos aspectos envolvidos na movimentação dos recursos promovida pelas empresas, e na administração e controle desses recursos por parte dos administradores financeiros.

O principal objetivo da administração financeira é maximizar a riqueza da empresa, e consequentemente dos proprietários, sendo que, para que esse objetivo seja alcançado, os gestores financeiros devem escolher entre as alternativas de investimento e financiamento disponíveis à empresa, somente aquelas que efetivamente agreguem valor ao empreendimento.

Essas decisões, na maioria das vezes, ligadas à expansão ou melhorias tecnológicas, requerem grandes investimentos em ativos de longo prazo, que podem fazer com que a empresa incorra em gastos, que somente poderão ser reembolsados através da utilização do ativo, jamais pela sua venda. São decisões cujo fracasso pode comprometer a própria continuidade do negócio.

Por outro lado, esses investimentos precisam ser de alguma forma financiados, e a maneira de obtenção desses recursos, requer a escolha entre as várias opções possíveis, daquela mais adequada e menos onerosa para a empresa, o que, além de ser um fator determinante do risco, vai também influenciar na maior ou menor rentabilidade. Assim, fica claro que o planejamento financeiro de longo prazo é uma função de extrema importância e que pode determinar o sucesso ou fracasso da empresa.

Entretanto, mesmo com um planejamento financeiro bem equilibrado, projetado com investimentos cujo retorno seja considerado satisfatório, financiados através da obtenção de recursos com custos adequados, a empresa pode, no decorrer da implantação dos projetos, atravessar períodos de dificuldade que comprometam sua liquidez e rentabilidade. A explicação para esse fato é que, apesar das decisões de financiamento e investimento, serem cruciais para o sucesso do empreendimento, normalmente essas decisões são de longo prazo, e, para obterem resultado satisfatório, dependem do gerenciamento operacional do negócio, que envolve decisões de curto prazo relacionadas às operações financeiras do cotidiano das organizações, compreendendo a gestão dos chamados “itens circulantes” que compõem o capital de giro das empresas.


O QUE É CAPITAL DE GIRO

Qualquer que seja a definição adotada, o conceito de capital de giro (ou capital circulante) identifica os recursos que giram (ou circulam) várias vezes em determinado período. Ou seja, corresponde a uma parcela de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, caracteristicamente de curto prazo, a qual assume diferentes formas ao longo de seu processo produtivo e de venda.

Por exemplo, um capital alocado no disponível pode ser aplicado inicialmente em estoque, assumindo posteriormente a venda realizada a forma de realizável (crédito, se a venda for a prazo) ou novamente de disponível (se a venda for efetuada à vista). Esse processo ininterrupto constitui-se, basicamente, no ciclo operacional (produção e venda) de uma empresa.

O Capital de Giro (CG) ou Capital Circulante (CC) corresponde ao ativo circulante de uma empresa. Em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, o qual engloba as necessidades circulantes identificadas desde a aquisição de matérias-primas até a venda e o recebimento dos produtos elaborados.

Uma importante característica do capital de giro é seu grau de volatilidade, que é explicado pela curta duração de seus elementos e constante mutação dos itens circulantes com outros de natureza idêntica.

Tipicamente, os ativos circulantes representam mais de 50% dos ativos totais das empresas. No Brasil, segundo o balanço consolidado dos três últimos anos das 500 maiores empresas, a relação entre o capital de giro e o ativo total sempre foi superior a 50%. Apesar da tendência decrescente, determinada basicamente pelo aperto da liquidez verificado nesses períodos, pode-se evidenciar a importância do capital de giro como base de sustentação das operações das empresas pelo significativo nível das aplicações processadas nos itens de curto prazo. Note-se que mesmo nos momentos de maior crise conjuntural, mais da metade do total dos ativos empresariais está refletida em investimentos circulantes.

Finalmente, comparando-se o capital de giro com o ativo fixo de uma empresa, podem ser observadas duas outras importantes características:

· A primeira refere-se à baixa rentabilidade produzida pelos investimentos em itens circulantes;
· A segunda característica refere-se à divisibilidade dos elementos circulantes, que se apresenta bem superior à dos ativos fixos.

Assim, o capital de giro pode ser definido como o volume de recursos de curto prazo, necessário para o financiamento do ciclo operacional da empresa. É basicamente composto pelas contas do ativo circulante: Disponível, Duplicatas a Receber e Estoques, que mantém constante movimentação, formando o que se costuma chamar de Ciclo das Operações Circulantes:
Estoques de matérias-primas

Vendas à vista
Duplicatas a receber







Disponível


Os recursos saem do disponível através da aquisição das matérias-primas que irão passar pelo processo de fabricação, transformando-se em produtos acabados. Esses produtos ficam estocados até o momento da venda. Se as vendas forem a vista, os recursos voltam imediatamente ao disponível. Se forem a prazo, os recursos somente retornarão ao disponível após passar por duplicatas a receber completando dessa forma o ciclo.

O ponto mais importante a ser destacado no ciclo das operações circulantes, é que toda vez que ele se completa e retorna ao disponível, traz uma parcela adicional de recursos que refere-se ao lucro auferido na operação de venda.

Diante disso, conclui-se que a preocupação do gestor financeiro, na administração do ciclo das operações circulantes, deve concentrar-se na eficácia do seu gerenciamento e na velocidade com que ele se completa pois, como vimos, esse fato é o que vai determinar a maior ou menor rentabilidade.

DISPONÍVEL (“Orçamento de Caixa”)

O termo “disponível” refere-se a ativos de liquidez imediata, ou seja, recursos monetários armazenados pela empresa e saldos mantidos em contas correntes bancárias (de disponibilidade imediata). Representa valores que podem ser usados a qualquer momento em pagamentos de diversas naturezas. Por terem as Letras do Tesouro Nacional as mesmas características de liquidez enunciadas, eventuais posições nesses títulos serão também consideradas como disponível.

O disponível, é o ativo mais líquido e o que apresenta a menor rentabilidade para a empresa. A preocupação básica do administrador financeiro é manter o menor montante de recursos possível nesse tipo de ativo. Entretanto, a atenção deve estar voltada para que haja recursos disponíveis no momento em que se fizer necessário um desembolso de caixa, ficando assim garantida uma liquidez que possa dar sustentação às atividades operacionais da empresa.

Para decidir a quantidade mais adequada de investimento no disponível, o administrador financeiro deve sempre buscar a decisão que proporcione um equilíbrio entre os “Custos de Oportunidade” (benefícios que a empresa deixa de obter ao optar por investimentos em ativos menos rentáveis) e o “Custo de Transação” (custos incorridos pela empresa quando necessita buscar recursos no mercado de crédito ou negocia no mercado monetário sua carteira de títulos negociáveis).


1 - Razões Da Demanda De Moeda E A Manutenção De Caixa

A administração de caixa visa manter uma liquidez imediata necessária para suportar as atividades de uma empresa. Por não apresentar nenhum retorno operacional explícito, o saldo de caixa ideal deveria ser nulo. Evidentemente, essa posição extrema é inviável, já que a empresa precisa normalmente manter um certo nível de caixa para, entre outras razões, fazer frente à incerteza associada ao seu fluxo de recebimentos e pagamentos.

De acordo com estudos realizados por Keynes, as empresas devem manter recursos disponíveis por três motivos:

· Transação: necessidade de manutenção de disponibilidades para atender compromissos previstos (fornecedores, salários, impostos etc.);

· Precaução: fazer frente a compromissos oriundos de situações imprevistas (substituição não prevista de equipamentos, aumento inesperado do nível de inadimplência etc.);

· Especulação: aproveitar oportunidades inesperadas que podem trazer ganhos extraordinários à empresa (aquisição de estoques a preços abaixo dos praticados pelo mercado).


2 - O Ciclo De Caixa E O Controle De Seu Saldo

A necessidade de manter um controle mais acurado na disponibilidade de uma empresa é determinada pelo objetivo de ajustar a manutenção de um saldo de caixa que atenda aos motivos de transação, precaução e especulação mencionados anteriormente, sem que isso ocasione ao mesmo tempo uma ociosidade (inatividade) dos recursos.

· As medidas de responsabilidade e competência exclusivas do caixa são aquelas que podem ser implantadas sem que com isso haja interferências nos outros elementos do capital de giro;

· Por sua vez, as medidas provenientes de uma política mais ampla da empresa envolvem alterações diretas (e, muitas vezes, relevantes) nos outros ativos circulantes. O controle do nível de caixa, nesses casos, pode ser efetuado mediante interferências nas atividades de produção e estocagem e nos critérios de vendas estabelecidos pela empresa;

· Outra medida, ainda, seria rever a política de concessão de crédito adotada. Como esta influi normalmente no volume de vendas da empresa e, conseqüentemente, em sua lucratividade, alterações que venham a se proceder deverão ser analisadas previamente com bastante rigor.


É necessário ressaltar que uma administração eficiente de caixa prevê, também, decisões de aplicações financeiras de recursos temporariamente inativos.


3 - Dilema Da Administração De Caixa Em Inflação

Em contextos inflacionários, a administração de caixa apresenta dificuldades adicionais pelo conflito marcante com que convivem seus valores.

De par com o rigor no controle do volume de caixa, a inflação conflitantemente determina necessidades crescentes de aplicações no capital de giro e, principalmente, no disponível, como forma de repor a diminuição do poder aquisitivo do dinheiro. Essa dualidade nas regras explica o dilema da administração de caixa em contextos inflacionários. Se de um lado tem-se um aumento da necessidade de investimentos no caixa, de outro surge a estratégia geral definida em manter o seu saldo o mais baixo possível.


4 - Projeção De Necessidades De Caixa Em Inflação

A projeção das necessidades de caixa será desenvolvida através do levantamento de todas as entradas e saídas de recursos previstas em determinado período de tempo.

a elaboração de um modelo de projeção de caixa deve permitir, em última análise, que a empresa possa antecipar-se a eventuais necessidades futuras de recursos (programando, desde já, opções para captar os fundos carentes no mercado), como também melhor programar suas aplicações com os excedentes de caixa que vierem a ser projetados. Em suma, o orçamento (projeção) de caixa constitui-se num importante instrumento de controle da liquidez e, em sua elaboração, a empresa deve dedicar uma atenção permanente evitando ao máximo que surjam, de forma inesperada, saldos insuficientes ou excessivos.


DUPLICATAS (VALORES) A RECEBER

A maioria das empresas efetua o volume mais significativo de suas vendas a prazo, o que torna a administração do crédito uma das funções mais importantes desempenhada pelos administradores financeiros na gestão do capital de giro.

O departamento de finanças, deve desenvolver técnicas que permitam à empresa efetuar suas vendas a crédito com a segurança de receber os respectivos valores nos prazos combinados. Isso envolve várias decisões como:

- A quem vender?
- Quanto vender?
- Em que condições vender?

São decisões que, quando não tomadas corretamente, podem trazer reflexos negativos em variáveis de vital importância, como volume de vendas e nível de inadimplência, entre outras.

Outro fator de grande importância na política de crédito é o montante de recursos que a empresa pode investir. Os recursos investidos em duplicatas a receber podem determinar maiores ou menores volumes de vendas. Se a empresa possuir recursos limitados, terá dificuldade em conceder crédito a prazos mais longos, comprometendo a ampliação das vendas. Por outro lado, se a empresa estiver em condições de investir em duplicatas a receber, ao flexibilizar o crédito corre o risco de ter um aumento em seu nível de incobráveis. Cabe então ao administrador financeiro, buscar um equilíbrio que minimize o dilema RISCO X RETORNO.

O nível desses investimentos depende do comportamento das vendas e da formulação de uma política de crédito para a empresa, a qual engloba os seguintes elementos:


1 - Elementos De Uma Política Geral De Crédito

a) Análise dos padrões de crédito

A empresa deve fixar os seus padrões de crédito, ou seja, os requisitos de segurança mínimos que devem ser atendidos pelos clientes para que se conceda o crédito. O estabelecimento dessas exigências mínimas envolve geralmente o agrupamento dos clientes em diversas categorias de risco, as quais visam, normalmente mediante o uso de probabilidades, mensurar o custo das perdas associadas às vendas realizadas a um ou a vários clientes de características semelhantes.


b) Prazo de concessão de crédito

Refere-se ao período de tempo que a empresa concede a seus clientes para pagamento das compras realizadas. Este prazo é normalmente medido em número de dias representativo do mês comercial (por exemplo: 30 dias, 60 dias etc.), sendo normalmente contado a partir da data de emissão da fatura representativa da operação comercial realizada ou a partir do fim do mês em que se efetua a venda (por exemplo: 60 dias "fora o mês").

O prazo de concessão de crédito varia segundo a influência de diversos fatores, sendo normalmente maior nas empresas que trabalham com produtos sazonais (brinquedos etc.). Na realidade, a definição de prazos de concessão de créditos aos clientes depende, principalmente:

· Da política adotada pela concorrência;
· Das características e do risco inerentes ao mercado consumidor;
· Da natureza do produto vendido;
· Do desempenho da conjuntura econômica;
· Do atendimento de determinadas metas gerenciais internas da empresa (giro dos ativos, políticas de estoques e compras, etc.) e de mercadologia;
· Do prazo de pagamento a fornecedores, etc.


c) Descontos financeiros por pagamentos antecipados

O desconto financeiro pode ser definido como um abatimento no preço de venda efetuado quando os pagamentos das compras realizadas forem feitos a vista ou a prazos bem curtos. Normalmente, os descontos financeiros são concedidos tendo em vista, sobretudo, o incremento das vendas (espera-se que a introdução de descontos venha a atrair novos clientes ou incentivar volumes maiores de vendas) e, também, a redução de necessidades de caixa através de uma diminuição do prazo médio de cobrança. Mais extensivamente, a adoção desta política afeta identicamente o nível de investimentos em valores a receber (determinado por uma suposta redução das vendas a prazo) e o nível das despesas gerais de crédito, notadamente as perdas com devedores duvidosos.


d) Políticas de cobrança

As políticas de cobrança são definidas pelos vários critérios possíveis de serem adotados por uma empresa, visando ao recebimento, na data de seus vencimentos, dos diversos valores a receber.

Maior ampliação nos prazos normais de cobrança de uma empresa pode acarretar, entre outras conseqüências, um aumento nos custos de inadimplência (provisão para devedores duvidosos) e um agravamento das perdas inflacionárias. Por outro lado, a adoção de medidas mais rígidas de cobrança pode refletir-se sobre as vendas, através de uma retração por parte dos consumidores. Evidentemente, deve a empresa procurar um procedimento mais próximo do "ideal", evitando, por exemplo, que as reduções em suas vendas (e, conseqüêntemente, nos lucros) superem os ganhos provenientes, principalmente de uma queda em suas despesas com devedores duvidosos.
2 - Principais Medidas Financeiras De Uma Política De Crédito

a) Despesas com devedores duvidosos: rRefere-se à probabilidade definida pela empresa em não receber determinado volume de crédito. A definição de uma política geral de crédito leva, muitas vezes, uma empresa a fixar um limite percentual a estas despesas, sendo definido, assim, como o risco máximo que a administração estaria disposta a arcar dentro das condições gerais estabelecidas;

b) Despesas gerais de crédito: envolvem basicamente os gastos efetuados no processo de análise de solicitações e na manutenção de um departamento de crédito; como pessoal, materiais, serviços de informações contratados, etc;

c) Despesas de cobranças: nestas despesas estão incluídos os gastos gerais efetuados principalmente nos diversos procedimentos de cobrança adotados pela empresa, inclusive aqueles (gastos) provenientes de eventuais ações judiciais e taxas cobradas pelos bancos pela execução desses serviços;

d) Custo do investimento marginal em valores a receber: este custo é obtido mediante a aplicação de uma taxa de retorno mínima exigida pela empresa (para seus investimentos ativos) sobre o investimento marginal (adicional) efetuado em valores a receber. O critério geral de análise de uma política de crédito prevê basicamente um confronto entre o retorno mínimo exigido pela empresa (ou o custo do dinheiro utilizado no financiamento desse investimento adicional) e a variação em seus resultados operacionais provocada pela introdução de determinada política de crédito (ou por alterações em alguns de seus elementos). Evidentemente, se o custo for inferior ao resultado operacional, sendo ambos medidos em termos marginais, tem-se uma atratividade econômica pela aceitação da proposta, ocorrendo uma propensão de rejeição na situação inversa.


3 - Influências De Uma Política De Crédito Sobre As Medidas Financeiras

A introdução de uma nova política de crédito produz importantes influências sobre determinadas variáveis financeiras de controle interno.

· Afrouxamento nos padrões usuais de crédito: ou seja, quando a direção da empresa decide conceder créditos a clientes de maior risco, surge de imediato uma expectativa de elevação no volume de vendas. No entanto, simultaneamente ao surgimento deste aspecto positivo, pode-se prever também uma necessidade de maior volume de investimentos em valores a receber (e uma possível elevação do prazo médio de cobrança) acompanhada de um crescimento nas despesas gerais de crédito, principalmente na provisão para devedores duvidosos;

· Ampliação em seus prazos usuais de crédito: é coerente esperar por uma elevação no volume de vendas, nas despesas gerais de crédito (o departamento de crédito é sobrecarregado, e as despesas de cobrança e o nível de inadimplência também tendem a aumentar) e nos investimentos em valores a receber (o ativo realizável se elevará, assim como o prazo médio de cobrança).

· Redução nos prazos de concessão de crédito: nesse caso, efeitos contrários são esperados, naturalmente, se a decisão tomada for de uma influência dessas decisões sobre os lucros da empresa. Da mesma forma, é medida pelo nível em que ocorrerem tais variações. Se o aumento nas receitas não for suficiente para cobrir as despesas marginais, verifica-se uma queda nos resultados operacionais. Ao contrário, tem-se um incremento nesses valores.

Em suma, o administrador financeiro deve interessar-se, dentro de um contexto de análise da política de crédito, por qualquer decisão (ou conjunto de decisões) que acarrete um resultado marginal superior ao custo do investimento marginal em valores a receber. A decisão de uma política global de crédito para a empresa envolve, na realidade, um processo contínuo de tentativa, no qual, para cada alteração viável de ser adotada, é fundamental confrontar os resultados daí obtidos com os custos marginais.

ESTOQUES

A administração dos estoques deve ser uma preocupação constante para o administrador financeiro. Os estoques representam, na maioria das empresas, uma parcela considerável do ativo circulante e, por esse motivo, são alvo de muitos estudos.

O objetivo principal no gerenciamento desse tipo de ativo, é a possibilidade de redução no seu investimento sem, contudo, retardar a produção por falta de matérias-primas ou perder vendas por falta de produtos acabados.

Contudo, nunca se deve desprezar a necessidade de manter volumes adicionais em estoques (estoques de segurança), como forma de atender a certos imprevistos, geralmente não controláveis, na curva da demanda e na atividade produtiva.


1 - Aspectos Básicos Dos Estoques

De maneira ampla, os estoques podem ser definidos como os materiais, mercadorias ou produtos mantidos fisicamente disponíveis pela empresa, na expectativa de ingressarem no ciclo de produção, de seguir o seu curso produtivo normal, ou de serem comercializados.


a) Tipos de estoques

Um conceito mais específico de estoques, no entanto, depende de como eles sejam classificados; podem-se identificar quatro tipos:

· Estoque de mercadorias e produtos acabados: refere-se a todos os itens adquiridos de terceiros (mercadorias) ou fabricados pela própria empresa (produtos acabados) em condições de serem, respectivamente, revendidos ou vendidos;

Importante fator que exerce influência sobre o nível desses estoques consiste na extensão do ciclo de produção, ou seja, no tempo despendido em fabricar uma unidade do produto. É natural que, quanto maior se apresentar esse prazo, mais elevadas serão as necessidades de investimentos nesse tipo de estoque. Por outro lado, aperfeiçoamentos tecnológicos no processo de produção permitem reduções nos prazos de fabricação e, conseqüentemente, no volume desses estoques.

· Estoque de Produtos em Elaboração: inclui todas as matérias-primas e demais custos (diretos e indiretos) relativos ao estágio de produção em que os produtos se encontram em determinada data (data do balanço);

· Estoque de matérias-primas e embalagens: consiste de todos os materiais adquiridos pela empresa e disponíveis para a sua incorporação e transformação no processo produtivo (matérias-primas) e acondicionamento (embalagens) do produto acabado visando à remessa ao cliente;

· Estoque de Materiais de consumo e almoxarifado: inclui, entre outros, todos os itens destinados ao consumo industrial, materiais de consumo de escritórios, material de propaganda etc.

O volume de investimento nesse tipo de estoque varia de uma empresa para outra em função, principalmente, de suas características básicas e peculiaridades operacionais e administrativas. Por exemplo, empresas que fornecem alimentação ao seu pessoal, ou cujos ativos fixos requerem manutenções mais constantes, costumam manter esses estoques em volumes mais elevados.


b) Volume de estoques

O montante de estoques é influenciado, principalmente, pelo comportamento e volume previstos da atividade da empresa (produção e vendas) e pelo nível de investimentos exigidos. Por exemplo, se as necessidades por determinado produto forem altas, espera-se normalmente que o volume estocado seja também elevado. Pequenas necessidades, por outro lado, justificam um volume baixo de estoques. Na realidade, o nível dos estoques deve acompanhar a projeção das necessidades, seja para municiamento do processo produtivo ou para atendimento das vendas realizadas.

Em geral, as empresas costumam manter determinado volume estocado acima de suas necessidades normais, denominado de “estoque de segurança”, como forma de atender a certos imprevistos, tais como aumentos inesperados da demanda, surgimento de problemas técnicos mais prolongados no processo produtivo etc.


Em suma, podem ser enumerados, para cada tipo de estoque, os seguintes fatores importantes que influenciam, mais diretamente, o seu volume:


- Mercadorias e produtos acabados

Demanda – constitui um dos principais fatores de definição do volume a ser mantido em estoque. A este aspecto devem-se aliar, ainda, os padrões de sazonalidade das vendas;

Natureza – neste caso inclui-se, além da perecibilidade, a obsolência do produto. Por exemplo, empresas que trabalham com produtos de moda (roupas, tecidos etc.) ou que estejam sujeitos a mudanças tecnológicas rápidas (como determinados aparelhos eletrônicos);

Economia de escala – para muitas empresas, um alto nível de produção poderá gerar importantes reduções (economias) nos custos unitários dos produtos acabados, determinadas por uma maior diluição dos custos e despesas fixos nas unidades fabricadas;

Investimento necessário – especial atenção deve ser atribuída aos estoques mais caros de mercadorias e produtos acabados. Não só no que se refere ao seus custos de produção (ou de aquisição) como também às condições mais onerosas que devem existir para mantê-los armazenados (instalações adequadas, segurança, espaço físico etc.).


- Matérias-primas e embalagens

Prazo de entrega – compreende o período de tempo despendido desde a formulação do pedido até o seu efetivo recebimento. Materiais que necessitam de algum processamento parcial, ou que apresentam algum risco de interrupção no fluxo de entrega, por exemplo, demandam estoques maiores que cubram o risco envolvido no prazo de chegada de novos pedidos;

Nível de reposição – refere-se à intensidade com que determinados materiais são requisitados pelo processo de produção. Quanto maior o volume de produção, espera-se como contrapartida necessidades mais elevadas de matérias-primas estocadas. Por outro lado, se a produção se efetuar de forma contínua, os estoques tenderão também a assumir volumes permanentes, o que faz supor volumes de matérias-primas estocados por mais tempo;

Natureza física – consiste principalmente no grau de perecibilidade apresentado pela matéria-prima. Materiais deterioráveis pela ação do tempo, por exemplo, devem ter seus estoques bem reduzidos.

2 - Principais Características Dos Estoques Em Inflação

A presença de um fenômeno inflacionário persistente provoca, normalmente, aviltamentos nos valores finais do fluxo de itens monetários. Os valores monetários do disponível e realizável mantidos por uma empresa perdem substância quando expostos à inflação e, desde que não haja uma perfeita compensação proveniente de ganhos inflacionários sobre os passivos monetários, a diferença irá refletir-se necessariamente no aviltamento do lucro.

Uma idéia muito difundida neste contexto refere-se à decisão de aplicar maiores volumes de recursos em ativos não monetários, como forma de imunizar o capital da corrosão provocada pela inflação. Em outras palavras, é comum pensar que, sendo esses ativos "não monetários" e, por princípio, resguardados em sua substância econômica, maiores recursos que venham a ser canalizados para esses itens refletem uma boa política da empresa de proteção das influências da inflação. Assim, a propalada tese de investir em estoques, como uma forma sempre válida de a empresa proteger-se da inflação, requer um estudo bem mais amplo do que a simples constatação da natureza real desses ativos.

É interessante notar também que o comportamento do consumidor, com relação à proteção da inflação, é bem semelhante ao desenvolvido pela empresa. Verifica-se, muitas vezes, uma antecipação das compras de determinados produtos no mercado como forma de não se incorrer em preços futuros muito mais elevados. Este aspecto psicológico do consumo, inclusive fomentado em algumas campanhas publicitárias, chega a influir na política de estocagem das empresas, notadamente na definição do volume de seus vários estoques.


- Antecipação De Compras Em Inflação

a) Compra à vista e venda à vista: sempre que houver um prazo de estocagem positivo das mercadorias adquiridas, ou seja, desde que as mercadorias não sejam comercializadas no exato momento de seu recebimento físico, a empresa arca com o custo de financiar seus estoques até a data de sua realização. O custo financeiro da empresa nessa situação é definido pela taxa de captação, normalmente praticada pelo mercado, e capitalizada pelo período de estocagem. Dessa maneira, o resultado quando do recebimento da venda realizada é obtido pela diferença entre o preço de venda a vista e o custo da mercadoria vendida acrescido dos encargos financeiros incorridos no período de estocagem;

b) Compra à vista e venda a prazo: além dos encargos financeiros assumidos na existência de um período de estocagem das mercadorias adquiridas, a empresa deve arcar ainda com os encargos de financiar o crédito concedido aos seus clientes (vendas a prazo). Esses custos financeiros, são definidos pela taxa de juros cobrada pelo mercado nas operações de captação de recursos normalmente processadas pela empresa;

c) Compra à prazo e venda a vista: nesta situação, o custo financeiro determinado pela existência de um prazo de estocagem das aquisições é, em grande parte (ou totalmente), diluído pela economia de encargos (ou ganhos financeiros) que a empresa obtém por pagar a prazo suas compras de estoques. Evidentemente, se a empresa lograr financiar integralmente seu prazo de estocagem mediante crédito de seus fornecedores, o custo de suas vendas será definido unicamente pelo preço de aquisição a prazo das mercadorias;

d) Compra a prazo e venda a prazo: a empresa deve absorver um custo financeiro proveniente da captação demandada para financiar suas necessidades de recursos entre a data de pagamento da mercadoria e a data de recebimento da venda.


3 - Investimentos Em Estoques Como Forma De Redução Dos Custos De Produção (“Economia De Escala”)

Uma elevação no volume dos estoques somente será economicamente atraente se o custo do investimento marginal for inferior à redução verificada nos custos provenientes de um maior volume de produção.


- Estoques em Valores Correntes

A contabilidade a nível geral de preços (CNGP), por outro lado, conforme também abordada, ao procurar retratar as implicações da flutuações de preços nos vários eventos da atividade empresarial contribui para que o processo de tomada de decisões realize-se em bases mais reais. Os resultados corrigidos, aferidos por esse critério, exprimem valores representativos de determinada data, identificando uma efetiva capacidade de compra dos recursos alocados pela empresa.

O custo corrente refere-se ao custo de aquisição, em determinada data, de um bem adquirido em alguma data anterior. Rigorosamente, o custo corrente (de reposição) dos estoques é calculado pelos seus valores de mercado (ou de aquisição) em suas respectivas datas de vendas.


- Economias (ou deseconomias) de custo realizadas

a) Suposição de ausência de inflação

Ao se desconsiderar a existência de inflação, essa medida refere-se à diferença verificada entre os valores correntes (de reposição) e históricos dos estoques alocados ao processo produtivo ou de vendas da empresa. Em outras palavras, identifica em quanto os custos das vendas (CMV ou CPV, por exemplo), medidos em valores de mercado na data de suas realizações, excederam àqueles apurados em bases estritamente históricas, cujos valores são definidos pelos preços originais de compra (ou de produção).

Dessa maneira, se o valor corrente dos custos das vendas situar-se acima de seus respectivos valores históricos registrados pela contabilidade tradicional, diz-se que a empresa realizou uma "economia de custo". Em caso contrário, verifica-se uma "deseconomia de custo". Na realidade, essa diferença encontrada expressa um efetivo resultado (lucro ou prejuízo) da empresa. Se positivo, tem-se quanto a empresa economizou (lucrou) por ter adquirido seus estoques em uma data anterior às vendas realizadas. Por outro lado, se negativo, evidencia quanto perdeu (deseconomizou) pela desvalorização de mercado verificada em seus estoques, da data de sua aquisição até a data da venda.


b) Consideração da presença da inflação

Caso se queira transformar as economias (ou deseconomias) de custo em termos corrigidos, bastará tão-somente proceder à atualização dos valores históricos e correntes considerados em função das variações verificadas nos índices gerais de preços, isto é: economia (deseconomia) de custo realizada corrigida = Valor de reposição corrigido – valor histórico corrigido.

Se o lucro fosse apurado em moeda de data posterior à venda realizada, o custo corrente da mercadoria, a venda e a economia de custo deveriam ser corrigidos pela inflação verificada no intervalo compreendido entre a sua formação e a data de apuração do resultado.


- Economias (ou deseconomias) de custo não realizadas

Essas medidas referem-se às variações de valor nos elementos mantidos em estoques pela empresa em determinado período. São mensuradas pelas diferenças encontradas entre os custos correntes e históricos. Note-se que essas economias (ou deseconomias) não realizadas ocorrem especificamente na hipótese de manutenção de bens ativos nos estoques da empresa. Denotam, mais claramente, uma valorização nos estoques (não realizados) que, se embutida na demonstração de resultado, faria ocorrer um lucro, o qual não existe em termos de caixa.

De forma idêntica à medida anterior, as economias (ou deseconomias) de custo não realizadas podem ser mensuradas em termos de valores correntes puros (nominais) e correntes corrigidos, ou seja:


a) Em valores nominais (correntes puros) = sem inflação

Economia (deseconomia) de custo não realizada = estoques a preços de reposição (corrente puro) – estoques históricos nominais.

b) Em valores corrigidos = com inflação

Economia (deseconomia) de custo não realizada = estoques correntes corrigidos – estoques históricos corrigidos.

Esses cálculos de economias de custo podem ser considerados nos relatórios gerenciais (internos) da empresa.


CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO (CGL) OU CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO (CCL)

Representa, de maneira geral, o valor líquido das aplicações (deduzidas das dívidas a curto prazo) processadas no ativo (capital) circulante da empresa. Segundo essa conceituação, a forma mais direta de obter-se o valor do capital de giro líquido é mediante a simples diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, ou seja: CGL (CCL) = Ativo Circulante – Passivo Circulante

O capital de giro líquido representa normalmente a parcela dos recursos de longo prazo (recursos permanentes) aplicada em itens ativos de curto prazo (circulantes). Na realidade, essa interpretação do capital de giro líquido é processada de "baixo para cima" no balanço, isto é, identificando-se os valores passivos de longo prazo (próprios ou de terceiros) que estão financiando o ativo circulante da empresa. Em outras palavras, o CGL representa a parcela do financiamento total de longo prazo que excede as aplicações também de longo prazo. Algebricamente, o cálculo desse valor é obtido pela seguinte expressão: CGL (CCL) = (Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo) - (Ativo Permanente + Relizável a Longo Prazo)


O CGL poderá ser nulo ou , até mesmo, negativo:

· Quando o capital de giro líquido é negativo, os recursos permanentes da empresa não são suficientes para cobrir todas as suas necessidades de longo prazo, devendo ser utilizados fundos provenientes do passivo circulante (curto prazo);

· A presença de um capital de giro líquido nulo, por sua vez, ocorre quando há total igualdade entre os prazos e os valores dos recursos captados e aplicados pela empresa.


CARACTERÍSTICAS DO CAPITAL DE GIRO EM INFLAÇÃO

Após definido o investimento necessário em capital de giro, se pode esperar, desde que não ocorram alterações nas operações de produção e venda da empresa, uma estabilidade nessa participação. Ou seja, espera-se que, após ter efetuado um aporte inicial de capital de giro, a empresa, utilizando-se somente das receitas operacionais de um ciclo, possa financiar as necessidades financeiras do ciclo seguinte, determinando-se um equilíbrio de seus recursos a curto prazo. Assim, a manutenção do nível ideal de capital de giro para sustentar as operações de uma empresa pode ser efetuada mediante transferências de receitas de um ciclo operacional para outro.

O equilíbrio do capital de giro, ainda, é mais factível em economias relativamente estáveis, em que, além da hipótese de manutenção dos níveis operacionais (produção e venda) das empresas, não se verificam alterações nos vários preços específicos determinadas pela presença de um processo inflacionário. Dentro de um contexto inflacionário, mesmo que ocorra estabilidade na atividade nominal da empresa, as variações desproporcionais nos preços dos fatores de produção (característica típica de uma conjuntura em inflação) determinam normalmente necessidades geometricamente crescentes no capital de giro.

Em suma, o que se nota é que muitas vezes, para manter a mesma capacidade de produção e venda, a empresa que atua em contextos inflacionários se vê obrigada a efetuar aplicações financeiras adicionais em seu capital de giro. Em uma situação inflacionária as necessidades de capital de giro crescem de forma exponencial, ou seja, uma inflação de 10%, sem apresentar nenhum crescimento real de vendas, poderá exigir que a empresa obtenha externamente 17% do seu volume de vendas de recursos para financiar seu giro. Com taxas maiores de inflação, esse número cresce exponencialmente.
INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO

Os investimentos em capital de giro não geram diretamente unidades físicas de produção e venda - meta final do processo empresarial de obtenção de lucros. A manutenção de determinado volume de recursos aplicado no capital de giro visa, fundamentalmente, à sustentação da atividade operacional de uma empresa.

O capital de giro é constituído, em grande parte, por ativos monetários, ou seja, por valores depreciáveis perante a inflação. Tipicamente, investimentos em disponível e créditos realizáveis a curto prazo produzem perdas inflacionárias à empresa, as quais são determinadas em função do tempo em que os recursos ficam expostos à inflação.

Dessa maneira, o mais rentável para qualquer empresa seria manter em seus ativos circulantes valores mínimos ou exatamente iguais às suas necessidades operacionais. Por exemplo, os valores disponíveis poderiam ser sempre iguais aos desembolsos de caixa efetuados em diferentes momentos. Da mesma forma, o valor investido no realizável a curto prazo seria o reflexo do volume e prazo ideais de vendas a crédito, e os estoques deveriam conter a quantidade estritamente necessária para a consecução da meta de produção e venda estabelecida pela empresa.


FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO

1 - Comportamento Das Taxas De Juros A Curto E A Longo Prazo

O custo de um crédito a longo prazo é mais caro que o de curto prazo. Esta desigualdade é explicada, basicamente, pelo fator risco envolvido na duração do empréstimo. Evidentemente, um credor assume maior risco ao comprometer a devolução de seu capital emprestado por cinco anos, por exemplo, em vez de em três meses. As menores condições de previsibilidade da capacidade de pagamento do devedor impõem um custo adicional ao empréstimo.

O tomador de recursos de longo prazo, por sua vez, obriga-se também a remunerar expectativas de flutuações nas taxas de juros por um tempo maior, as quais assumem geralmente um comportamento crescente em razão da incerteza associada à duração do empréstimo. Ou seja, quanto maior for o prazo de concessão de um empréstimo, maior será seu custo em razão do risco que o credor assume em não obter um retorno condizente com os padrões de juros da época.

É interessante observar, em várias operações financeiras, a introdução de taxas flexíveis (por exemplo, nas operações de repasse de recursos externos), as taxas de juros, definidas pela LIBOR, apresentam validade para somente um semestre e taxas de juros com cláusula de repactuação (por exemplo, lançamento de debêntures). Na realidade, esses aspectos de pós-fixação dos juros, aliados a uma política mais rigorosa de exigências de garantias nas operações de crédito, visam, em última análise, minimizar o risco da definição da taxa de juros a longo prazo.

Em suma, pode-se concluir afirmando que o nível mais baixo do custo do crédito a curto prazo, em relação ao de longo prazo, constitui mera expectativa normal. Situação inversa pode ocorrer, mas denota, pelas suas características atípicas, fenômeno cíclico com duração limitada.


2 - Abordagens Para O Financiamento Do Capital De Giro

Antes de descrever as principais abordagens de financiamento, é importante estender o conceito de capital de giro através de sua classificação em “permanente” (“ou fixo”) e “sazonal” (ou “variável”).

· A parte fixa do capital de giro é determinada pela atividade normal da empresa, e seu montante é definido pelo nível mínimo de necessidades de recursos em determinado período;

· O capital de giro sazonal, por sua vez, é determinado pelas variações temporárias que ocorrem normalmente nos negócios da empresa. Por exemplo, maiores vendas com determinados meses do ano ou grandes aquisições de estoques antes de períodos de entressafra produzem variações temporárias no ativo circulante, e são, por isso, denominadas “sazonais” ou “variáveis”. Se a empresa, ainda, mantiver uma política fixa de pagamento a prazo a fornecedores e a outros dispêndios operacionais, esses valores a pagar deverão ser subtraídos de suas necessidades sazonais.


a) Abordagem pelo equilíbrio financeiro tradicional

De acordo com esta abordagem, o ativo permanente e o capital de giro permanente são financiados também através de recursos de longo prazo (próprios ou de terceiros).

Esta abordagem é também conhecida como “compensatória”. Ou seja, ocorrendo oscilações no capital de giro, essas necessidades temporárias deverão ser financiadas, à medida que forem ocorrendo, por recursos de terceiros a curto prazo; e os investimentos de caráter permanente serão cobertos por fundos de prazo compatível (longo prazo).

Um aspecto de risco desta abordagem refere-se a uma possível retração (mesmo temporária) nas disponibilidades de empréstimos de curto prazo. Evidentemente, ocorrendo alterações nas necessidades sazonais em níveis mais significativos, a empresa poderá encontrar dificuldades de captar recursos circulantes no mercado, o que viria a prejudicar sua liquidez. Mesmo que os obtenha, poderá ainda contratá-los a custos mais elevados, o que oneraria a sua rentabilidade.


b) Abordagem de risco mínimo

Uma postura de minimização do risco pode ser adotada através de uma abordagem conservadora para o financiamento do capital de giro.

O risco é colocado em níveis mínimos em razão de a empresa não necessitar utilizar de sua capacidade de captação de recursos a curto prazo, a qual seria acionada somente para atender a necessidades financeiras inesperadas (imprevistas). O custo desta abordagem seria bem elevado, em razão da preferência por créditos a longo prazo (normalmente mais onerosos que os de curto prazo) e da ociosidade desses recursos em vários períodos.








5.7 - Fontes de Financiamento a Longo Prazo



RECURSOS PRÓPRIOS

Capital social (Ações)

As empresas emitem vários tipos de títulos de longo prazo para financiar suas necessidades de recursos, incluindo ações ordinárias, ações preferenciais e instrumentos de dívida. A avaliação dos títulos de longo prazo é importante para os gerentes financeiros da empresa, bem como para atuais proprietários, investidores potenciais e analistas de títulos.

Quanto mais desenvolvida é uma economia, mais ativo é o seu mercado de capitais, o que se traduz em mais oportunidades para as pessoas, empresas e instituições aplicarem suas poupanças. Ao abrir seu capital, uma empresa encontra uma fonte de captação de recursos financeiros permanentes. A plena abertura de capital acontece quando a empresa lança suas ações ao público, ou seja, emite ações e as negocia nas bolsas de valores. E você, ao adquiri-las, passa a ser também "dono" da empresa – um acionista.

A abertura de capital é feita sempre com autorização da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, o órgão fiscalizador do mercado de capitais brasileiro. As empresas abertas precisam atender a requisitos definidos na Lei das S.As., para garantir a confiabilidade e o acesso às suas informações e demonstrações financeiras.


As Ações

Ações são títulos nominativos negociáveis, que representam, para quem as possui, uma fração do capital social de uma empresa.


a) Tipos de ação

As ações podem ser:

· Ordinárias: que concedem aos seus detentores o poder de voto nas assembléias deliberativas da companhia; ou
· Preferenciais: que oferecem preferência na distribuição de resultados ou no reembolso do capital em caso de liquidação da companhia, não concedendo o direito de voto, ou restringindo-o. A Lei das S.As. permite que as companhias emitam até 2/3 do capital social em ações preferenciais.

As ações, ordinárias ou preferenciais, são sempre nominativas, originando-se do fato a notação ON ou PN depois do nome da empresa.


b) Formas das ações

As ações podem adotar ainda as seguintes formas:

· Nominativas registradas: quando há um registro de controle de propriedade feito pela empresa ou por terceiros, podendo ou não haver emissão de certificado; ou
· Escriturais nominativas: quando há a designação de uma instituição financeira credenciada pela CVM, que atua como fiel depositária dos títulos, administrando-os via conta corrente de ações.

c) A lucratividade das ações

As ações são chamadas de “títulos de renda variável” porque tanto os rendimentos distribuídos ao acionista - dividendos e bonificações - quanto seu próprio valor não estão previamente fixados. A lucratividade de uma ação, num determinado período de tempo, é composta pela variação do preço mais rendimentos e exercício de direitos, estes dois últimos também chamados de “proventos”.


d) O valor da ação

O valor da ação, ou seja seu preço de compra e venda, é determinado em mercado, variando principalmente em função do desempenho financeiro verificado ou previsto para a companhia, bem como da conjuntura econômica doméstica e internacional.


e) Os dividendos

Os dividendos correspondem à parcela de lucro líquido distribuída aos acionistas, na proporção da quantidade de ações detida, ao fim de cada exercício social. A companhia deve distribuir, no mínimo, 25% de seu lucro líquido ajustado. As ações preferenciais recebem 10% a mais de dividendos que as ordinárias, caso o estatuto social da companhia não estabeleça um dividendo mínimo. Se apresentar prejuízo ou estiver atravessando dificuldades financeiras, a companhia não será obrigada a distribuir dividendos. Porém, caso tal situação perdure, suas ações preferenciais adquirirão direito de voto, até que se restabeleça a distribuição de dividendos.


f) As bonificações

As bonificações correspondem à distribuição de novas ações para os atuais acionistas. Excepcionalmente pode ocorrer a distribuição de bonificação em dinheiro.


g) As subscrições de novas ações

Os acionistas têm, ainda, preferência na compra de novas ações emitidas ou direito de preferência na subscrição. Além de garantir a possibilidade de manter a mesma participação no capital total, este direito pode significar ganho adicional, dependendo das condições do lançamento. Por fim, se não exercido, o direito pode ser vendido a terceiros.


h) Os Mercados Primário e Secundário

O Mercado Primário compreende o lançamento de novas ações no mercado, com aporte de recursos à companhia. Todas as operações de emissão de ações precisam ter autorização da CVM. É obrigatória a presença do intermediário financeiro- corretora de valores, banco múltiplo, banco de investimento ou distribuidora.- que exerce o papel de coordenador da operação.

Uma vez ocorrendo o lançamento inicial ao mercado, as ações passam a ser negociadas no Mercado Secundário, que compreende mercados de balcão, organizados ou não, e bolsas de valores. Operações como a colocação inicial junto ao público de grande lote de ações detido por um acionista podem caracterizar operações de abertura de capital, exigindo registro na CVM. Apesar da semelhança com o mercado primário, os recursos captados vão para o acionista vendedor - e não para a companhia, determinando, portanto, uma distribuição no mercado secundário.

RECURSOS DE TERCEIROS

A obtenção de recursos de terceiros a prazos superiores a 6 meses e 1 ano está fortemente relacionada à função de organismos e programas geridos por entidades vinculadas ao poder público:


1 - Fundos Especiais de Instituições Públicas

Após 1964 houve no Brasil a sustentação de fontes de financiamento para investimento (ampliação, modernização e instalação de empresas ou projetos), e assim o poder público instituiu e passou a dirigir, através das suas próprias instituições financeiras ou repassando os recursos a instituições privadas, vários fundos especiais com recursos provenientes de receitas tributárias, resultados de operações de exercícios anteriores, ou obtenção de empréstimos internacionais, bem como depósitos do público, à vista ou a prazo.

a) BNDES

Criado em 1952, atua hoje principalmente através de prestação de aval (garantia à obtenção de empréstimos por outras instituições), da participação societária (através da compras de ações preferenciais das empresa assim financiadas), e de empréstimos diretos, a partir dos fundos especiais por ele geridos. Atua também de forma indireta, através dos agentes financeiros do Programa de Operações Conjuntas (POC), reservando o financiamento para empresas privadas nacionais. Os agentes do POC avaliam e acompanham os financiamentos. Incluem-se entre eles diversos bancos de investimentos, bancos estaduais e regionais de desenvolvimento.

O BNDES não tem contato com o público e obtém seus recursos com a arrecadação de impostos sobre operações financeiras, dotações orçamentárias, fundos do Programa de Integração Social (PIS) e empréstimos em geral;


b) BB

O Banco do Brasil é o maior banco comercial do País , recebendo depósitos do público e oferecendo linhas de desconto de duplicatas às empresas. O BB também gera fundos especiais provenientes de convênios com países estrangeiros para a importação de equipamentos e fundos para financiamento das exportações.

O BB é a principal instituição financeira de apoio aos setores agrícola, pecuário e extrativo, através da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial (CREAI), além de executar operações de garantia de preços mínimos de produtos agrícolas, em convênio com a Companhia de Financiamento da Produção.


c) Bancos Regionais e estaduais de investimento

Frutos do esforço nacional de descentralização da atividade econômica, com vistas à eliminação de desequilíbrios e diferenças regionais, sugiram o Banco do Nordeste do Brasil (BNB - 1964), o Banco Regional de Desenvolvimento Econômico do Extremo-sul (BRDE – 1962) e o Banco da Amazônia (BASA – 1966).

Os bancos regionais e estaduais de fomento são orientados para:

· Empréstimos para investimento ou capital de giro;
· Participação mediantes subscrição de ações e debêntures no capital das empresa financiadas;
· Repasse de empréstimos obtidos no país e no exterior;
· Prestação de garantias em empréstimos obtidos no país ou no exterior.

Portanto, esses bancos atuam na linha do BNES, de acordo com as prioridades da política econômica, a nível regional.

d) CEF

A Caixa Econômica Federal dedica-se mais às linhas do Sistema Financeiro de Habitação, concedendo empréstimos para a aquisição de imóvel próprio, fazendo uso também dos seus próprios recursos e da capitação de fundos do público, principalmente com cadernetas de poupança.

Atua diretamente ou através de agentes de desenvolvimento (bancos de desenvolvimento, alguns bancos de investimento e membros do Sistema Financeiro de Habitação).

Atualmente a CEF também financia o desenvolvimento urbano, saneamento e saúde, de acordo com os novos ditames da política econômica do governo.


e) FINAME S/A

A Agência Especial de Financiamento Industrial é uma empresa do BNDE, oferecendo maior flexibilidade por dispensar a exigência de projeto para financiar a venda de equipamentos nacionais, tanto às empresas usuárias quanto fabricantes.

É voltada para a sustentação das políticas de crédito do setor de bens de capital, em defesa das empresas nacionais e concorrência das empresas estrangeiras que têm maiores possibilidades de usar o crédito como arma importante na venda desses bens; daí a criação do FINAME de longo prazo (1972), em vista das condições da concorrência internacional.


f) BNH

O Banco Nacional de Habitação é o “banco central” do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), juntamente com o BB. CEF, caixas econômicas, estaduais e bancos de investimento e bancos comerciais.

O BNH não trata diretamente com o público, executando a politica habitacional do governo, repassando recursos captados principalmente através dos depósitos do Fundo de garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e cadernetas de poupança das instituições do SFH.

Para as empresas o financiamento restringe-se, obviamente, às do setor de construção civil. O BNH e o SFH mantém três programas especiais para as empresas dentro do financiamento da compra de material de construção:

· RECON: para financiamento ou refinanciamento do consumidor de materiais de construção (incluindo pessoas físicas);

· REINVEST: para financiamento do investimento (ativos fixos) das empresas produtivas e distribuidoras de materiais de construção; e

· REGIR: Para capital de giro das mesmas empresas indicadas no item acima.


2 - Recursos capitados no exterior

A possibilidade de obtenção de recursos de terceiros oriundos de outros países foi efetivamente regulamentada a partir de 1962, com a Lei no. 4.131.

a) Empréstimos em moeda

Exigem aprovação prévia do Banco Central (BC), por se relacionarem com o endividamento externo e o balanço de pagamento do país.

Podem ser feitas por bancos, empresas ou pessoas físicas estrangeiras diretamente a tomadores no país, envolvendo em sua maioria o aval do BC com prazo mínimo de 5 anos.

A Resolução 63 do BC (1967) permitiu que os bancos comerciais e de investimento do Brasil obtivessem recursos no exterior para repasse a empresas no país.

A diferença básica (além do IR sobre as remessas e os possíveis depósitos temporários proporcionais ao principal) entre obter recursos no exterior e obtê-los no país são os índices de correção monetária (que refletem a inflação interna) e a desvalorização cambial (que onera os empréstimos do exterior).


b) Financiamento de importações

Esta opção escapa do mercado financeiro, pois sua fonte de recursos é espontânea.

Como as importações normalmente são de bens de capital (máquinas e equipamentos), dado o prazo necessário de se gerar recursos para o pagamento, o poder público limita-se à conceder incentivos ou benefícios fiscais, quando a importação destina-se a exportação posterior do bem produzido.

É feito geralmente através de bancos de exportação do próprio fornecedor externo ou do repasse dos recursos dessas instituições pelas entidades nacionais (BB, por exemplo).


3 - Debêntures

São títulos de crédito emitidos por sociedades anônimas, visando a obtenção de recursos para financiamento de capital fixo ou de giro.


a) Tipos de debêntures

- Quanto às garantias

Segundo as garantias oferecidas a seus titulares, credores da companhia, a Lei das Sociedades Anônimas, Lei nº 6.404, admite a criação das seguintes espécies de debêntures ou obrigações:

· Debêntures com garantia real – são aquelas em que a sociedade emissora oferece um garantia real (penhor, hipoteca ou anticrese) aos debenturistas;
· Debêntures com garantia flutuante – são aquelas cuja garantia oferecida a seus titulares é o ativo total da sociedade;
· Debêntures sem garantia – são aquelas destituídas de preferência entre os credores da sociedade. Assim os debenturistas, que em princípio são credores privilegiados, tornam-se meros credores quirografários;
· Debêntures subordinadas – são aquelas subordinadas aos demais credores da companhia. Em caso de liquidação da sociedades, seus titulares só serão pagos após o pagamento efetuado aos credores quirográficos.


- Quanto aos direitos

Segundo os direitos conferidos a seus titulares, as debêntures podem ser simples ou conversíveis em ações.

Esses dois tipos de debêntures podem ser emitidos com cláusula de correção monetária. A diferença básica entre elas é que as últimas permitem ao investidor a opção de convertê-las em ações do capital da sociedade emissora, passando assim da condição de credor para a de sócio dessa sociedade.

Em princípio, o valor total das emissões de debêntures não poderá ultrapassar o valor do capital social da empresa. Entretanto, tal limite pode ser excedido nos seguintes casos:

· Debêntures com garantia real:cujo montante poderá alcançar até 80% do valor de seus bens gravados, próprios ou de terceiros;

· Emissão de debêntures com garantia flutuante: cujo limite poderá alcançar até 70% do valor contábil do ativo da companhia, diminuído do montante das suas dívidas garantidas por direitos reais;

Obs: Em se tratando de debêntures conversíveis em ações, o montante da emissão não poderá exceder o patrimônio líquido apurado.


Debêntures conversíveis em ação

As debêntures quando convertidas passarão a ter as mesmas características das ações no que diz respeito à negociação, tributação, lucratividade etc. Podem ser consideradas como o tipo intermediário do valor mobiliário, ou seja, um título basicamente de renda fixa, mas passível de uma transformação em um título de renda variável, admitindo-se um prazo de inconversibilidade de 90 dias, a critério da empresa, a partir de sua emissão.

Não podem efetivamente existir ao mesmo tempo, ou são debêntures e recebem rendimentos fixos periódicos, ou são ações, tornando seus titulares beneficiários dos eventuais dividendos. Até que exerça a opção de conversão, o portador é beneficiário de um título que lhe proporciona renda fixa e ainda conserva a possibilidade de ser convertido em ações, segundo uma razão predeterminada. Uma vez exercida a opção, a debênture conversível deixa de existir.


- Quanto à cxirculação

Quanto à forma de circulação, as debêntures podem ser emitidas ao portador, nominativas ou nominativas endossáveis.


b) Vantagens e desvantagens da emissão de debêntures

- Vantagens

A emissão de debêntures pode acarretar vantagens para a empresa:

· No que diz respeito aos custos, verifica-se que os fundos necessitados são de longo prazo, uma única emissão de debêntures pode representar custos menores que várias operações bancárias. Entretanto, tal vantagem só ocorre em mercados desenvolvidos, como o dos Estados Unidos, onde os custos são baixos;

· Outra vantagem da emissão refere-se ao controle da empresa, uma vez que tal emissão não tem implicações de alteração na situação desse controle acionário.;

· Finalmente podemos mencionar o fator segurança sob a ótica do poupador, pois as debêntures oferecem garantias a seus titulares. São eles credores privilegiados da sociedade emissora: em caso de liquidação da companhia as debêntures serão pagas antes de quaisquer credores.


- Desvantagens

Como desvantagem, temos o eventual risco de endividamento excessivo da empresa. Uma sociedade que não paga no vencimento uma dívida líquida constante do título que legitime a ação executiva pode ter decretada sua falência.


c) Emissão De Debêntures No Exterior

- Para emissão de debêntures no exterior por companhias brasileiras, sendo o produto dessa emissão aplicado no Brasil ou por empresa estrangeira autorizada a funcionar no país, sendo o produto dessa emissão aplicado no Brasil, exige-se:

· Prévia autorização do Banco Central;
· Transferência dos recursos obtidos para o Brasil;
· Registro da operação no Banco Central;
· Possibilidade de remessa de amortização e juros para o exterior;
· Preferência dos credores por obrigações contraídas no Brasil.


- Para emissão de debêntures no exterior, por empresa brasileira, não sendo o produto dessa emissão aplicado no Brasil, exige-se:

· Prévia autorização do Banco Central;
· Impossibilidade de remessa de amortização de juros para o exterior;
· Preferência dos credores por obrigações contraídas no Brasil.


Emissão de debêntures no exterior, por empresa estrangeira autorizada a funcionar no país, não sendo o produto dessa emissão aplicado no Brasil, exige-se:

· Impossibilidade de remessa de amortização de juros para o exterior;
· Preferência dos credores por obrigações contraídas no Brasil.




5.8 - Orçamento Geral e Orçamento Flexível



VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO ORÇAMENTO

a) Vantagens

A utilização de um sistema orçamentário, entendido aqui como um plano abrangendo todo o conjunto das operações anuais de uma empresa, através da formalização do desempenho dessas importantes funções administrativas gerais, oferece inúmeras vantagens. Dentre as mais significativas, podemos mencionar:

1. Obriga os administradores a quantificarem e datarem as atividades pelas quais serão responsáveis, em lugar de se limitarem a compromissos com metas ou, ainda, vagos e imprecisos;

2. Reduz o envolvimento dos altos administradores com as operações diárias através da delegação de poderes e de autoridade que se refletem nos orçamentos das diferentes unidades operacionais;

3. Identifica os pontos de eficiência ou ineficiência no desempenho das unidades da empresa e permite acompanhar em que termos está havendo progresso, no sentido da consecução dos objetivos gerais e parciais da empresa;

4. Finalmente, a preparação de um orçamento para toda a empresa tende melhorar a utilização dos recursos a ela disponíveis, bem como ajustá-los a atividades consideradas prioritárias, para que sejam alcançados os seus objetivo.


A existência e a utilização do sistema exige que sejam concretamente fixados objetivos e políticas para a empresa e suas unidades, aravés da sistematização do processo de planejamento e controle, graças ao uso de orçamentos. isto introduz o hábito do exame prévio e cuidadoso de “todos” os fatores antes da tomada de decisões importantes, além de obrigar a administração da empresa a dedicar atenção adequada e oportuna aos efeitos eventualmente causados pelo surgimento de novas condições externas.

Por meio de uma integração de diversos orçamentos parciais num orçamento global (ou seja, para as operações de toda a empresa em dado podado), sistema de planejamento força todos os membros da administração a fazer planos de acordo com os planos de outras unidades da empresa, aumentando seu grau de participação na fixação de objetivos, mesmo que não sejam os altos objetivos da empresa, mas sim na medida do alcance de sua autoridade.



b) Limitações

Mas, apesar de todas as vantagens e contribuições que o uso de um sistema de planejamento e controle orçamentários pode proporcionar a uma empresa, seus administradores e proprietárias, bem como a funcionários, cientes e fornecedores, ele não é a resposta para todos os males, pois, para ser bem aplicado numa empresa, requer as atitudes apropriadas e o conhecimento da técnica envolvida na sua utilização. Via de regra, a utilidade deste sistema esbarra com os seguintes obstáculos:

· Os dados contidos nos orçamentos não passam de estimativas, estando assim sujeitos a erros maiores ou menores, segundo a sofisticação do processo de estimação e a própria incerteza inerente ao ramo de operações da empresa. Entretanto, se a finalidade é planejar, nada pode ser feito para eliminar inteiramente qualquer margem de erro. Afinal de contas, é melhor planejar com consciência do erro que possa estar sendo cometido do que simplesmente admitira o futuro como incerto e não fazer preparativos para enfrentá-lo;

· custo do sistema. É claro que esta técnica não pode ser usada com a mesma intensidade e complexidade por empresas de todos os tamanhos, ou seja, nem todas as empresas contam com os recursos necessários para contratar pessoal especializado em supervisão de orçamentos e desviar tempo do pessoal de linha para planejar e elaborar orçamentos.

Entretanto, os benefícios já foram mencionados e parecem claros. Tudo dependeria da comparação dos benefícios do planejamento e do controle formais a esses custos. Por outro lado, há variações de complexidade no sistema orçamentário empregado, o que leva a níveis distintos de custo: pare fins de controle talvez não seja preciso conhecer os pedidos mensais recebidos por categoria de cliente e por produto, mas apenas o seu valor total, o que reduzirá em parte o custo do sistema (sendo a perda de informação inferior a essa economia); alternativamente, a empresa poderá elaborar apenas alguns orçamentos parciais mais relevantes, embora este trabalho procure recomendar o uso de um sistema orçamentário completo, porque há vantagens específicas no aspecto da integração;

O uso de um sistema desta natureza ajusta-se melhor a uma dada filosofia e a um certo estilo de administração (com participação), que talvez não sejam aceitáveis em algumas empresas. Na empresa com administração de carácter excessivamente autoritário, não recomendamos o emprego desta técnica em suas ramificaç8es de controle e responsabilidade. Planejar e controlar é sempre bom, em nossa opinião mas, sem a correspondente delegação de autoridade e responsabilidade, o uso desta técnica acabará por transformar-se mais em um exercício dispen­dioso do que em uma forma de administrar mais racionalmente os recursos da empresa. Por isso, é desejável que se faça uma avaliação deste aspecto antes de se recomendar a introdução efetiva de um sistema orçamentário em uma empresa.


ADEQUAÇÃO DO SISTEMA DE ORÇAMENTOS À ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA EMPRESA

Planejamento e controle, as atividades administrativas particularmente favorecidas pelo uso de um sistema orçamentário, pressupõem também a designação de níveis de autoridade, e de responsabilidade pelas decisões, além de medidas necessárias para que sejam alcançados os objetivos da empresa. Essa designação de autoridade e responsabilidade, qualquer que seja o critério adotado (produto, função ou região), é o que chamamos de estrutura organizacional da empresa.

Ao ser feito o planejamento, o orçamento servirá melhor como instrumento de administração se for elaborado segundo as linhas dessa estrutura (visualmente, o orçamento global estará estruturado como o organograma da empresa). Assim sendo, o ideal é a preparação de orçamentos para os diversos níveis e unidades da organização. Tais orçamentos devem indicar (e devem ser considera­dos viáveis por esses níveis, daí a importância da participação na sua elaboração) o que deve ser feito, como, e quando, para que sejam devidamente alcançados os objetivos de desempenho da empresa; também devem identificar indivíduos específicos que possam ser posteriormente responsabilizados ou que prestem contas de desempenhos efetivos considerados satisfatórios ou não.

Complementando, é necessário dizer que, assim como a montagem de uma estrutura de autoridade e de responsabilidade visa estabelecer um arcabouço para permitir a execução de operações correntes com um mínimo de direção superior, a elaboração de orçamentos por unidade de responsabilidade também contribui para formalizar o processo esperado de consecução dos objetivos numéricos da empresa durante o período em questão.


ENQUADRAMENTO DO PLANO ORÇAMENTARIO ANUAL EM UM ESQUEMA DE PLANEJAMENTO A LONGO PRAZO

A sequência de atividades através das quais a administração de uma empresa executa a tarefa de elaboração do orçamento para dado período anual não passa, de maneira formal ou informal, de uma parte do esforço permanente pelo qual os dirigentes dessa empresa estabelecem diretrizes para aquilo que a organização deve fazer em certo número de anos. Mais especificamente, o orçamento é aquela parte de um plano de longo prazo que é mais detalhada, referente a um determinado período anual.

O planejamento de longo prazo pode não existir formalmente, embora a conclusão normativa lógica de nossas recomendações quanto a um plano de um ano seja no sentido dessa formalização. Mesmo inexistindo um plano de longo alcance, contudo, a administração não deixa jamais de ter, implícitas em suas atitudes e determinações, pelo menos alguma idéia quanto ao caminho desejável da empresa para um período superior ao do plano orçamentário de um ano apenas. Para fins de planejamento orçamentário anual, essa idéia (ou o próprio plano de longo prazo, no caso de existir) é que fornece as premissas (a orientação básica) para se dar início ao planejamento para os doze meses seguintes.

Essas premissas decorrem de um acompanhamento, formalizado ou não, das condiç5es externas mais relevantes às operações da empresa, no sentido de dar viabilidade a algum plano mais específico, bem como os objetivos de longo prazo e anuais estabelecidos como índices desejáveis de desempenho pela empresa como um todo e por seus diversos setores.

Em síntese, o início do processo de preparação do orçamento anual é resultado da conjugação de uma análise dessas condições (oportunidades, recursos e ameaças em potencial ou reais para a empresa) com os objetivos explícitos d~ administração da empresa.

Assim sendo, para que o processo comece, é necessário que os diversos executivos funcionais, os chefes de divisões ou departamentos recebam da alta administração um documento com instruções para o início efetivo da elaboração do plano, enumerando as linhas gerais dos resultados que se consideram desejáveis, para o ano, nas áreas de mercados, produtos, pessoal, relações públicas, finanças, produção, e assim por diante, refletidos por sua vez em valores ou intervalos de valores numéricos em termos de taxas de retorno, taxas de crescimento, participação no mercado, ou mesmo lucro total em valor absoluto.


O Manifesto Orçamento

O que acabamos de expor é muito bem resumido por Vatter, sob o titulo “o manifesto do orçamento”: A necessidade de compreender as metas e a posição da empresa frequentemente é satisfeita quando se inicia o processo orçamentário com um manifesto geral do presidente a seus subordinados.

Este manifesto baseia-se em um exame completo das perspectivas para a economia nacional e a indústria, desenvolvimentos e situações políticas, tendências e atividades sociais, tudo em relação aos objetivos e diretrizes da empresa, O manifesto pode indicar que, como resultado deste exame, o executivo principal acredita que está na época de expandir, de desenvolver novos produtos, de acrescentar novos canais de distribuição, ou de prosseguir em programas de expansão ou diversificação. Ou, sob outras circunstâncias, pode indicar a necessidade de economizar, de haver tratamento mais cuidadoso dos recursos, de seguir menos vigorosamente novas maneiras de expandir as operações.

A finalidade do manifesto é criar o tom e a amplitude geral do programa da empresa. Essas propostas são distribuídas aos níveis organizacionais mais baixos, tornando-se mais pormenorizadas e especificas a cada novo degrau. Este fluxo de informação e debate serve para relacionar o ponto de vista global da empresa às operações das várias divisões, departamentos, e outras unidades. “Cada administrador deve iniciar seu próprio planejamento com uma idéia do programa global do qual seu plano será pano.” Esta última oração, grifada por nós, é uma expressão muito feliz da maneira pela qual, mesmo no início de sua elaboração, o orçamento já se mostra como um instrumento de coordenação.


O ORÇAMENTO ANUAL COMO COMPONENTE DO PLANO DE LONGO PRAZO

A elaboração de um orçamento a cada período de doze meses, e para um limite de tempo bem definido, é o detalhamento das políticas, metas e condições esperadas de atividade nesse período de doze meses, nos seus aspectos de operações e movimento de caixa, além da parcela correspondente dos projetos de investimento ou abandono de ativos imobilizados.

Caso o orçamento se refira ao período do ano civil - isto é, o prazo para o qual é feito o plano vai de 10 de janeiro a 31 de dezembro de um ano qualquer - é interessante iniciar o processo de elaboração com três ou quatro meses de antecedência — em setembro ou outubro, portanto:

1. Orçamento de vendas: inicialmente, deve ser preparada uma visão de vendas, já que os níveis de estoques e produção (e os seus custos, por conseguinte), em geral estão ligados ao volume físico de vendas. Alternativamente, quando a capacidade de produção é a restrição principal, e não a absorção do volume de produção pelo mercado (ou seja, a procura), o programa de produção é que deverá ser o ponto de partida. Neste trabalho, adotamos o primeiro enfoque ao nosso exemplo de desenvolvimento de um orçamento empresarial completo;

2. Orçamento de produção: a seguir, dispondo de informações sobre o que se espera vender, dadas as perspectivas do mercado (procura total e parcela a ser atendida pelos produtos e serviços da empresa), elabora-se o orçamento de produção, que é uma programação das atividades exigidas para a geração das unidades físicas a serem vendidas ou estocadas, para ampliação do inventário ou reposição de unidades vendidas previamente. Assim, a produção orçada será dada por: Estoque final desejado de produtos acabados mais Vendas orçadas menos Estoque inicial desejado de produtos acabados.

Como se observa, as vendas orçadas e a produção programada não precisam oscilar exatamente da mesma forma durante o ano, pois as diferenças eventuais entre elas ou são absorvidas ou se refletem em variações dos estoques. “Portanto o estoque serve de elo de coordenação entre produção e vendas, funcionando como um amortecedor que atende às necessidades de produtos da área comercial quando a procura é extraordinariamente intensa, e também atende às exigências da produção no sentido da utilização regular de operários, máquinas e instalações.

Conseqüentemente, não como terceira etapa, mas como complemento da coordenação entre orçamento de vendas e orçamento de produção, teremos a confecção de previsões de estoques de produtos acabados;


3. Previsão dos custos de produção: a conclusão do orçamento de produção terá assim estabelecido as condições para que, por sua vez, sejam elaboradas as seguintes previsões:

a) Consumo de matéria-prima e compras: o primeiro depende da produção física programada (item 2), e o segundo está relacionado também ao que se deseja manter em termos de estoques de matéria-prima e produtos em elaboração (há aqui o mesmo elo de coordenação — entre compras e produção — que apontamos para vendas, estoques de produtos acabados e produção);

b) Utilização de mão-de-obra direta produtiva e custos correspondentes: à taxa prevista de remuneração para cada categoria de operário;

c) Custos indiretos de produção: envolvendo gastos necessários para a realização de produção, mas não diretamente incorporados ao produto ou serviço final, corno acontece com a mão-de-obra e a matéria-prima. Estão aqui incluídos itens tais como: luz e força, manutenção, depreciação de máquinas e equipamentos, salários da supervisão da produção, seguros e aluguéis de máquinas, ferramentas e instalações, além de outros gastos indiretos.

Os elementos contidos nos itens a) b) e c) devem em seguida ser acumulados, correspondendo, em valor monetário total, ao custo dos produtos vendidos, que deduzido das receitas de vendas orçadas nos dará o resultado bruto conseguido pela empresa em suas operações (lucro ou prejuízo);


4. Previsão de resultado operacional: finalmente; conclui-se o processo de elaboração de uma projeção da demonstração do resultado do exercício com previsões a respeito de despesas administrativas e de vendas da empresa como um todo. A diferença entre o resultado bruto e o total destas despesas será o resultado operacional previsto para a empresa no período seguinte.

Assim sendo, a conjugação de todas as previsões feitas até este ponto, além de ter gerado os quadros dos estoques projetados de matéria-prima e produtos acabados, terá proporcionado, no processo de planejamento, uma previsão do resultado líquido a ser conseguido nas operações da empresa. Teríamos assim concluído a preparação do orçamento de desempenho da empresa;

5. Orçamento de recursos: a sequência de todo o processo, seria iniciada a confecção do orçamento de recursos. cujo final se refletiria num balanço projetado para cada sub-período do plano, bem como para a data de seu encerramento. O primeiro ingrediente já resultou das projeções de estoques; acrescentam-se aqui as projeções de saldos de contas a receber, que decorrem das vendas orçadas e da política de crédito e cobrança adotada pela empresa. A conclusão deste orçamento de recursos ocorrerá com a elaboração do orçamento de caixa e das previsões de financiamento.

6. Orçamento de gastos com ativo imobilizado: antes dos dois últimos, porém, completando o conjunto de aplicações de numerário da empresa, será preciso elaborar o orçamento de gastos com ativos imobilizados, ou seja, incluir a parcela anual de projetos de expansão física ou novas incorporações de máquinas, equipamentos e veículos que venham a ocorrer durante o ano. Essas operações envolvem pagamentos ou até recebimentos em caso de liquidação ou venda de ativos imobilizados pertencentes à empresa

7. Orçamento de caixa e previsões de financiamento: quando tiverem sido efetuadas todas as projeções relacionadas à aplicação de numerário pela empresa e esta tiver em mãos os dados relativos aos recebimentos das vendas efetuadas, será possível elaborar o orçamento de caixa, que não passa de um reflexo, em termos de saldos de caixa e depósitos bancários à vista, dos níveis de operações fixados ou programados em todos os orçamentos anteriores.

O orçamento de caixa á um instrumento útil para que se possa evitar tanto os saldos desnecessariamente elevados quanto identificar os momentos em que um financiamento adicional (ou alguma outra medida) deva ser feito para eliminar uma situação de insuficiência de numerário, O orçamento de caixa geralmente contém:

a) Saldo inicial do período;
b) As entradas previstas, por natureza;
c) As saídas de caixa previstas, por natureza;
d) Um resultado intermediário. igual a (1) + (2) — (3). que indicará a necessidade de financiamento temporário, caso esse resultado seja negativo ou inferior a um nível mínimo considerado desejável, ou a existência de excedentes desnecessários e aplicáveis de algum outro modo rentável que não as operações básicas da empresa;
e) As previsões de cobertura dos déficits ou de aplicação dos excedentes; e
f) Saldo final de caixa.

Assim, como o objetivo do orçamento de recursos era chegar à projeção do balanço da empresa, já teremos todos os elementos necessários, que terão sido obtidos na realização das estimativas contidas nos diferentes orçamentos até agora mencionados.